"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/04/18

seminário ferrer y guàrdia -- 100 anos


Está sendo gestado um seminário sobre os cem anos do fuzilamento pela Monarquia Espanhola do criador da Escola Moderna/ Racionalista. Portanto, reserve um espaço especial na sua agenda para outubro de 2009, na cidade de Salvador/ Bahia.
Falamos, pois, do espanhol Francisc Ferrer Y Guàrdia (1849-1909), que em muito influenciou a pedagogia atual com seus métodos racionalistas de ensino em que a razão é uma opção segura para se chegar ao saber, mas que deve ser apoiada no prazer da experimentação, pela procura por caminhos novos e ainda não trilhados.
Opõe-se, Ferrer, ao sistema educacional virgente onde imperava somente os dogmas e as convenções da igreja católica, e que asseguravam a doutrinação explicita dos indivíduos para a servidão; bem como a sujeição da sociedade aos interesses do Capital, da Igreja e do Estado.
Ferrer, eis uma figura que marcou de forma inquestionável os movimentos pedagógicos libertários que primam pela liberdade individual intermediada pela solidariedade construída na ação direta dos coletivos autogeridos e autônomos.

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FRANCISCO FERRER Y GUARDIA
por José Damiro de Moraes
Nasceu em Alella, uma pequena cidade próxima de Barcelona, a 11 de janeiro de 1849, filho de uma família católica de camponeses. Junto com sua mãe freqüentou a Igreja, participando do coro de crianças e recebendo uma educação religiosa.

Aos 14 anos foi trabalhar em uma loja em Barcelona onde seu patrão, um livre pensador, sofrera com o clericalismo. Este contato foi fundamental para tornar Ferrer um livre pensador anticlerical. Até os 20 anos dedicou-se ao trabalho a aos estudos.

Conseguiu trabalho na Companhia dos Caminhos de Ferro do Norte de Espanha e casou-se com Teresina Sanmarti. Em 1884, aos 35 anos, Ferrer entrou para a Maçonaria, iniciando-se na Loja La Verdad de Barcelona. Sua primeira filha foi batizada a pedido da sua esposa, recebendo o nome católico de Trinidad. Suas outras filhas receberam os nomes de Pax, Luz e Sol.

Em 1886, a tentativa revolucionária em implantar a república na Espanha fracassou. Ferrer, envolvido no movimento, escapou das investigações policiais, mas foi considerado suspeito. Sentindo-se ameaçado, fugiu para Paris com a sua família, vindo tornar-se secretário de Ruiz Zorrilla, chefe do partido republicano espanhol.

Em Paris, filiou-se a Loja Maçônica Francesa, manteve contato com exilados espanhóis – socialistas, republicanos e anarquistas. Também produziu e traduziu obras que criticavam a influência do clero espanhol, enviando-as para distribuição na Espanha.

Ainda na França morreram dois dos seus filhos. Em 1893, seu casamento chega ao fim. O Tribunal de Sena proferiu a separação, e as filhas ficam com a mãe. Posteriormente, Ferrer voltou a cuidar das meninas, até que uma delas volta para junto da mãe em S. Petersburgo. Então o educador encarrega-se da educação da outra filha, levando-a para a Austrália.

De volta a Paris em 1894, ganha a vida dando aulas de espanhol, primeiro de forma autônoma, depois junto a Associação Politécnica, a convite do seu diretor. Do ano seguinte até 1898 leciona também no Liceu Condorcet. Durante estes anos foi amadurecendo a idéia da criação da
Escola Moderna.

A concretização da escola foi possível pela herança deixada por uma ex-aluna, admiradora do seu pensamento, Srta. Ernestina Meunier. Conheceu Léopoldine Bonnard, jovem que era companheira e amiga da Sra. Meunier. Com ela teve um filho, Riego, nome de um revolucionário que Ferrer admirava. Inicia a escolha de professores e mestres para a Escola Moderna. Posteriormente separa-se de Léopoldine, que vai para Londres com o filho Riego.

Conheceu Soledad Villafranca, jovem professora da
Escola Moderna, que se tornou sua última companheira. Criou uma casa editorial para produzir os livros que seriam destinados às escolas, além de uma revista intitulada A Escola Renovada.

Finalmente, em Barcelona, foi fundada em agosto de 1901 a primeira
Escola Moderna, totalizando trinta alunos, doze meninas e dezoito meninos. Logo no final do primeiro ano de funcionamento, o número de alunos chegava a setenta, organizados em quatro sessões, segundo a idade: a primeira para crianças menores, a segunda elementar, a terceira elementar superior e a quarta normal para os adultos.

Aos domingo funcionava uma universidade popular acessível a todos.

leia mais, saiba mais:
http://www.histedbr.fae.unicamp.br/navegando/glossario/verb_b_francisco_ferrer_y_guardia1.htm



4 comentários:

Unknown disse...

Interessante, essa personalidade. Lá no 4shared, há La Escuela Moderna. Há algum tempo tenho interesse em ler sobre a Pedagogia Libertária e seus pensadores/ idealizadores. Há uns meses atrás li uns artigos do sociólogo Maurício Tragtenberg e o o interesse se recrudesceu. Interessante esse seminário, se eu pudesse (impedido devido à junção: escravidão assalariada e estudos) iria pra Salvador nesse período. São esses e outros textos, conferidos em blogs libertários, que me açulam as curiosidades. Abraços libertários, meu amigo! ;)

Jacinto disse...

Muito bom, nunca ouvi falar deste educador. Espero que o semin[ario aconteça.

Anônimo disse...

Michel ONFRAY
(A política do rebelde; Rio de Janeiro; Rocco; 2001):


"Princípio libertário contra princípio da autoridade, tudo está dito, ou quase. A cólera como meio dinâmico, o hedonismo como conteúdo, a vontade libertária a guisa dos recursos, eis o que permite desde o presente, uma tipologia mais precisa de esquerda
do que falo."

tania disse...

Ferrer tinha uma proposta de uma educação antiautoritária,laica,racionalista, solidária e para ambos os sexos.Ferrer partia do pressuposto de que:A educação é, e deve ser tratada como crucial problema politico,sendo que essa não poderá basear-se nos principios patrióticos-chauvinistas,militaristas e dogmático-religiosos, e o mais importante para uma educação para autonomia "o respeito à personalidade do aluno".