"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/06/02

seminário ferrer y guàrdia -- 100 anos

Segue, em função do seminário que se realizará em Salvador/ Bahia no mês de outubros/2009, mais um texto referente ao tema: FERRER, CEM ANOS!


FRANCISCO FERRER GUARDIÃ

(1859 ~ 1909)*


Roseli Princhatti



VIDA

Espanhol (Catalão), pedagogo e militante anarquista que desenvolveu os princípios da Escola Moderna baseada no ensino misto, laico, crítico e científico.
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O seu método e filosofia de educação espalham-se por diversos países entre os quais o Brasil. O movimento operário, principalmente o anarco-sindicalista, criou escolas nos sindicatos baseadas no pensamento de Ferrer.
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Francisco Ferrer provocou nos meios religiosos espanhóis reações acirradas, que culminaram em seu fuzilamento (após simulacro de julgamento militar), em razão das suas idéias e da sua militância social. Seu assassinato teria sido comemorado pelo papa Pio X.
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Os anarquistas tinham em seus projetos de se educar libertariamente. Para tanto fundaram escolas dentro do método da Escola Moderna de Francisco Ferrer (Espanha), de La Ruche [A Colméia] de Sebastião Faure (França), formaram grupos de teatro social, populares, proferiram conferências, publicaram jornais, revistas e opúsculos; deram a seus filhos nomes de anarquistas mundialmente conhecidos, não os batizavam pela igreja, e o sepultamento de seus familiares não tinha a presença do padre, era civil.
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Os anarquistas pretendiam testar seus métodos reeducando e desbloqueando as mentes embrutecidas por condicionamentos milenares, aplicados ao longo de muitas gerações humanas.
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Na Espanha, Francisco Ferrer y Guardiã por fundar a Escola Moderna em 1901, esteve preso, acusado de autor intelectual do movimento grevista com o qual nada tinha e acabou condenado à morte e fuzilado no Castelo de Montjuich, em Barcelona.
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Contrariando os inquisitores espanhóis, as idéias de Ferrer voavam como uma revoada de pássaros invadindo nações, atingindo sorrateiramente as camadas mais evoluídas, intelectuais e operários, tocando-lhes a sensibilidade, penetrando em seus cérebros.
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O proletariado [...] recebeu os ensinamentos de Ferrer com entusiasmo. Pela primeira vez era-lhe apresentado um autêntico hino de Amor e de Paz, em forma de ensino, partindo dos bancos escolares, com expliczações como estas:
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“Não se educa integralmente o homem disciplinando a sua inteligência, esquecendo seus sentimentos e desprezando sua vontade. O homem na unidade do seu funcionamento cerebral, é complexo, tem várias facetas fundamentais, é uma energia que vê, afeto que repele ou recebe, concebendo voluntariamente e tornando em atos as leis do organismo do homem, que abre um abismo onde precisa existir, uma saudável e bela continuidade. E sem dúvida, elemento favorável ao divórcio entre pensar e o sentir.
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Muitos deles serão, indubitavelmente, potentes em suas faculdades mentais, possuindo riquezas de idéias, até compreendem a orientação real, dentro de um conceito formoso, que prepara a ciência da vida, do indivíduo e dos povos.
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Mas, com todas as suas desatenções egoístas, e as próprias conveniências dos seus fins, tudo isto mesclado com uma levedura de sentimentos tradicionais, formam uma camada impermeável em volta de seus corações, para que não se infiltrem neles idéias progressistas, e não se convertam num jogo de sentimentos propulsores, imediato determinante da conduta do homem”.
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Estas idéias fizeram desabar sobre a cabeça de Ferrer todas as maldições da Igreja, todo o rancor da burguesia.
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OBRAS
1.ª edição do texto de Ferrer Guardiã: 1912 “La escuela moderna”. Barcelona, Editorial de La Escuela Moderna.
Outras edições de “La escuela moderna”: 1960, Montevideo; 1976, ZYX, Madri; 1976, Tusquets, Barcelona; 1977, Júcar, Madri.
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Um comentário:

eu mesmo... disse...

Ótimo material esse. Acho que é um dos únicos lugares onde se pode encontrar algo sobre Ferrer & Guardia na web.
Até