"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/06/20

visões antropofágicas

A “marola” chegou às nossas praias para acalentar os nossos pesadelos, medos e inseguranças de não-pertencimento...

E com ela o arrefecimento do consumo de bens duráveis e, por conseqüência direta, da produção industrial e agrícola. Por tabela, não podemos deixar de citar, temos as filas crescentes dos despossuídos, párias sociais à espera da chancela de “excluído” e assim usufruir de algumas migalhas com fins meramente eleitorais.

Só assim podem, pois, pertencer a uma classificação reconhecida por este sistema que aposta na exclusão de bilhões em beneficio de milhares como forma de disciplinamento individual, controle social, expansão e reprodução de sua própria existência enquanto sistema econômico cujo o único intuito é o lucro sem a observância necessariamente humanitária do seu entorno.
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O desemprego – a forma mais mesquinha de exclusão – é a palavra de ordem que preocupa a todos e em todas as frentes, seja na agricultura, indústria ou no setor da prestação de serviços. Visto que os efeitos do “tsunami” no mercado de capitais norte-americano não vão excluir qualquer possível paraíso de desenvolvimento sustentável e de longa duração.
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Observe que todos os esforços dos especialistas estão sendo direcionados para sanar o rombo nas instituições (bancos, seguradoras, fundos de pensão e afins) que buscam lucros fáceis e imediatos no mercado de capitais; lucros esses provenientes de um mero jogo delirante de sobe e desce de papéis sem lastro no mundo real da produção.

Ressalte-se que são papéis virtuais e que só tem algum valor na terra do faz-de-conta dos especuladores. Além do que não geram empregos ou produtos para o bem estar geral das pessoas e/ou coletividades, limitando-se a uma competição insana sem regras ou respeito ao outro.

Vejamos, então, o que nos esclarece Viviane Forreste no seu livro Uma Estranha Ditadura (Unesp/ 2000) sobre esta questão do desemprego e sua conseqüência imediata no perfil das pessoas e nas suas comunidades:

....“Se o desemprego não existisse, o regime ultra-liberal o teria inventado. O desemprego lhe é indispensável. É ele que permite, à economia privada, subjugar a população planetária e sustentar a ‘coesão’ social, ou seja, a submissão.
....[...]
....Para os utopistas do século XIX, o fim do trabalho significava a felicidade, um objetivo supremo reivindicado. Há pouco, a idéia do desaparecimento do emprego, graças à cibernética, era considerada como uma utopia, um acontecimento altamente desejável, mas que tinha poucas chances de se realizar; era quase uma ficção científica, que às vezes fazia sonhar.
....Supúnhamos, naturalmente, que as tarefas penosas, sem interesse, não escolhidas, dariam lugar a outras, mais significativas e gratificantes, possibilitando o advento de vidas mais realizadas, bem como mais úteis! Na verdade, estávamos persuadidos de que o emprego, no seu sentido estrito, daria lugar ao trabalho verdadeiro, assim como aos lazeres, no tempo liberado.
....Como poderíamos imaginar que seu desaparecimento engendraria, ao contrário, a angústia, a miséria e essa obsessão crescente e sem precedentes do emprego na sua forma antiga? Como poderíamos supor que sua ausência não nos aliviaria, mas nos desesperaria? E como poderíamos imaginar que essa ausência, transformada em presença obsessiva, constituiria um tal perigo?”
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É chegada à hora, portanto, de levantarmos desta “madorna ideológica”, sacudirmos a submissão ao capitalismo e a subseqüente subserviência à propaganda subliminar do consumismo alienado e alienante.
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Por fim, conquistarmos os mecanismos necessários para que nos seja assegurado o controle autogestionário de nossas próprias vidas e também dos espaços de convivência societária (produção, estudo e lazer), sem os sobressaltos desnecessários impingidos pelos capitalistas ávidos por concentrar o poder em suas mãos.

5 comentários:

Anônimo disse...

Tô dentro;;;;

Só quero trabalhar 6 horas... e apenas 4 dias na semana... aliás, 3 estaria bom.

:-)

sds ludoanárquicas,

cb

Tania disse...

Trabalho 6 horas...que me pareçem uma eternidade... acho que estou com problemas de fuso horario.

João disse...

Trabalhador, dorme as 23 horas, na manhã seguinte acorda as cinco da manhã. As 6:15 está pegando uma "Vam", as 7:15 está pegando o ônibus, ambos lotados. Chega ao trabalho as 8:30, já atrasado. Bate o ponto, o desconto no salário é automático pois o ponto está conectado em rede e faz o desconto imediato em folha. Trabalha até as 12:00, retorna ao trabalho as 13:00 e trabalha até as 18:30 para pagar a meia hora de atraso pela manhã. Pega o ônibus lotado as 19:00, baldeia para a "Vam" lotada as 20:00 e chega em casa as 21:30.
CALCULANDO: o trabalhador viveu em função do trabalho pelo menos 16:30 h. Sobrou ao trablhador para viver, sobreviver 7:30 h.
Para nosso bem estar e contra a servidão imposta e voluntária, abandonemos nossos trabalhaos ou tomemos as rédias da produção manual e intelectual em nossas mãos. Redução de carga horária já, e mais, pelo menos para quatra horas diárias, incluir o cálculos de deslocamento, almoço, descanso, lazer e direito ao estudo.
É isso. João

João disse...

OUTRA COUSA. COOPERATIVISMO, ASSOCIAÇÃO LIVRE POR INTERESSE DE RAMO DE PRODUÇÃO CONTRA A EXPLORAÇÃO.
ALTERNATIVAS, nós temos.
João

Marreta disse...

Jornada voluntária, de 5, 4, 6, 20, 1, de acordo com as capacidades e necessidades. Isso sim!

Saudações do Marreta.