
A concepção anarquista e a pedagogia libertária surgiram como um movimento que contestava qualquer forma hierárquica de organização seja ela capitalista ou socialista. O anarquismo tem como proposta a autogestão operária como meio de criar novas formas de organização dos trabalhadores na gestão da produção e da vida social.
Diante desta concepção de organização social, a pedagogia libertária contraria os princípios da pedagogia dominante. O principal ponto abordado no embate entre a pedagogia libertária e a pedagogia dominante diz respeito à formação do homem. Por um lado a pedagogia dominante defende uma prática educativa que forme o homem para atender as demandas do capitalismo e do mercado de trabalho.
A pedagogia libertária, por sua vez, preocupa-se em formar o homem de forma integral, ou seja, formar o homem em seu aspecto intelectual, físico e moral. Esta idéia de formação integral é defendida por Francisco Ferrer Y Guardia em seu livro La Escuela Moderna.
Ferrer Y Guardia foi um grande educador que influenciou as concepções pedagógicas da Espanha e de outros países da Europa. Ferrer defendia um ensino racional, científico, e para isso, era preciso ter uma prática educativa baseada na liberdade, isenta de qualquer crença ou dogma. Ou seja, o ensino científico opõe-se ao ensino religioso e político.
Sobre este aspecto, Ferrer destaca que não se deve perder tempo procurando em um deus imaginário, o que se encontra na força do trabalho humano e não se deve pedir ao “outros” (ou seja, ao Estado), o que pode ser obtido pelo próprio homem.
A concepção pedagógica de Ferrer Y Guardia, considerada avançada para a época, influenciou não somente o sistema educacional da Europa como também, teóricos anarquistas brasileiros que propunham um movimento revolucionário libertário baseado em sua concepção.
Atualmente, pouco se fala em movimento anarquista e em pedagogia libertária. Primeiro porque há escassez de material sobre o assunto; segundo porque não interessa ao Estado, seja ele capitalista democrático ou socialista autoritário, discutir tais concepções já que a intenção do anarquismo é acabar com toda e qualquer forma de governo.
Assim, talvez propositalmente, o anarquismo e a pedagogia libertária caem no esquecimento e não são temas discutidos nem no âmbito político e muito menos no âmbito educacional.
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