"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/11/17

extraindo conceitos__17

o discurso do
burguês-empregador
em relação ao proletário
(o discurso não mudou até hoje)
mikhail bakunin


“(...) Vejam bem, eu tenho um pouco de capital, que por si só nada pode produzir, porque algo morto nada pode produzir.

Nada tenho de produtivo sem o trabalho. Assim sendo, não posso lucrar consumindo-o improdutivamente, uma vez que, consumindo-o, eu nada mais teria.

Porém, graças às instituições sociais e políticas que nos governam e que estão todas a meu favor, na atual economia meu capital também deve ser um produtor: ele me traz lucro.

De quem esse lucro deve ser tirado – e deve ser de alguém, uma vez que, na realidade, ele não produz absolutamente nada por si mesmo –, não interessa a você. É o bastante, para você, saber que ele gera lucro. Sozinho, este lucro não é suficiente para cobrir meus gastos.

Eu não sou um homem simples como você. Não posso estar, nem quero estar, contente com pouco. Eu quero viver, morar em uma bela casa, comer e beber bem, andar de carruagem, ter boa aparência, resumindo, ter todas as coisas boas da vida.

Eu também quero dar uma boa educação aos meus filhos, torná-los cavalheiros, e mandá-los estudar fora, e no fim das contas, tendo recebido muito mais educação que você, que eles possam dominá-lo algum dia, assim como eu o domino hoje.

E já que a educação por si só não é suficiente, quero deixar para eles uma grande herança, para que, dividindo-a entre eles, permaneçam quase tão ricos quanto eu”.

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Portanto,

"Será necessário repetir aqui todos os argumentos irrefutáveis do socialismo, que até agora nenhum economista burguês conseguiu contestar?

O que é a propriedade, o que é o capital em sua presente forma? Para o capitalista e para o detentor da propriedade, eles significam o poder e o direito, garantidos pelo Estado, de viver sem ter de trabalhar.

E, uma vez que nem a propriedade, nem o capital produzem qualquer coisa se não forem fertilizados pelo trabalho, isso significa o poder e o direito de viver à custa da exploração do trabalho alheio, o direito de explorar o trabalho daqueles que não possuem propriedade ou capital e que, portanto, são forçados a vender sua força produtiva aos afortunados detentores de ambos".

2 comentários:

Lucas disse...

muito bom!

Anônimo disse...

"- Bem sabes que o capital oprime o trabalhador.

Entre nós, os operários e os camponeses suportam todo o peso do trabalho, e as coisas estão feitas de tal maneira que por mais que trabalhem não conseguem passar de bêstas de carga.

Todos os benefícios, tudo o que permitiria ao trabalhador melhorar sua condição, ter descanso e por conseguinte tempo para instruir-se, todos êsses benefícios os capitalistas lhes roubaram.

A sociedade está organizada de tal maneira que quanto mais os operários trabalhem tanto mais amealharão os comerciantes e os donos da terra, continando aquêles a ser bêstas de carga.

É preciso modificar esta ordem de coisas - conclui olhando interrogativamente para o irmão."(Tolstoi, p. 91)

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Referência:

Tolstoi, Leon. Ana Karenina. Editora Abril Cultural, 1ª Ed. Ago. 1971. Tradução de João Gaspar Simões.