"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/02/13

extraindo conceitos__24


Hans Magnus Enzensberger


Esta figura favorita dos teóricos é tão antiga quanto a industrialização. Schopenhauer ....falava ....dos.... “bens industrializados da natureza”... A metáfora deixa claro o alvo da expressão: a classe trabalhadora das cidades.


Nos cem anos seguintes, a “massificação” fez carreira na crítica da cultura e da civilização. O temor do nivelamento, da uniformização, serviu para nivelar as tiradas de ideólogos conservadores e reacionários.


Por outro lado, a esquerda condenava com fervor o “individualismo burguês” que, estranhamente, parecia se difundir cada vez mais na medida em que o verdadeiro socialismo ganhava terreno, até que depois da Segunda Guerra Mundial a maior parte da população sucumbiu a essa perigosa moléstia.

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Manipuladas por forças sinistras, as massas trabalhadora se transformaram num bando de idiotas consumistas.


Isso, de forma alguma, impediu que os filósofos da imbecilidade da moda, com uma perseverança que seria digna de algo melhor, continuassem ano após ano proclamando a morte do indivíduo ou, para usar o jargão atual, a morte do sujeito.


Com o tempo isso resultou numa estranha concordância por parte dos teóricos de direita e esquerda, com uma única diferença: os tradicionalistas se especializaram em mugir lamentações, ao passo que os reformadores cultivavam um quê de zombaria que foi crescendo até se transformar num urro de triunfo.


Enquanto os marxistas ortodoxos ficaram decepcionados com as massas que, sob a tutela deles, se mostravam pouco interessadas em se emancipar das mesquinhas tendências burguesas, os pós-estruturalistas e outros pós-funcionários da teoria davam a impressão de sentirem uma enorme satisfação com o fato de o importuno sujeito finalmente ter sumido.


A capitulação deve ser um verdadeiro prazer, mas somente para aqueles que se considera seu profeta.


No entanto, essas doutrinas, pouco importando quem as professe, sofrem de uma série deficiência: os indivíduos que elas tanto se esforçam para suprimir as ignoram totalmente.


Apática como é, a maioria silenciosa continua a imaginar que as pessoas que a compõem, todas e cada uma por si, são sempre elas mesmas, elas simplesmente não querem acreditar que se transformaram em zumbis, marionetes ou fantasmas, e nem mesmo lhes ocorre a possibilidade de confundir sua realidade com uma “simulação”.


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texto surrupiado do livro "mediocridade e loucura e outros ensaios" (editora ática; 1995).

3 comentários:

Anônimo disse...

a pós-modernidade se apresenta como a verdadeira imposibilidade do sonho utópico, o fim do mundo...

o homem/sujeito sombrio, que perdeu a esperança no outro como seu possível aliado para as tranformações que garanta a autonomia, a liberdade, a igualdade, o socialismo etc...

Anônimo disse...

creio que uma passagem escrita por LIMA BARRETO possa aumentar as nossas dúvidas:

"Eu não sei que mania se meteu na nossa cabeça moderna de que todas as dificuldades da sociedade se podem obviar mediante a promulgação de um regulamento executado mais ou menos pela coação autoritária de representantes do governo"

Anônimo disse...

tomar em suas próprias mãos o destino de nosssas vidas, eis o caminho a ser escolhido!!!