"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/03/08

extraindo conceitos__32

COM A PALAVRA E O EXEMPLO DE LOUISE MICHEL*


Louise Michel

Não se pode matar a idéia a tiros de canhão nem amarrá-la.

Quando a Comuna foi derrotada, as tropas de Versailles massacraram gente durante 8 dias seguidos. Dizem que o batalhão feminino de Louise Michel “peleou como demônio”.

Os soldados assassinaram a maioria delas a sangue frio quando já estavam desarmadas. Em geral, foram assassinados mais de 20 mil comuneiros, outros 43 mil, presos e 5 mil deportados.

Louise Michel escapou, mas se entregou porque a chantagearam com a detenção de sua mãe.

Compareceu ante o Quarto Conselho de Guerra e disse: que ao que parece todo coração que late pela liberdade só tem direito a receber uma pequena porção de chumbo, solicito a parte que me toca. Se me deixarem viva, não deixarei de clamar pela vingança e denunciarei os assassinos…”

Declarações de Louise Michel em seu juízo

"Ah, certamente, senhor advogado geral, a você resulta estranho que uma mulher ouse defender a bandeira negra. Porque temos resguardado a manifestação sob a bandeira negra? Porque esta bandeira é a das greves e indica que o operário não tem pão.

O povo morre de fome, pois bem, eu tenho tomado a bandeira negra para dizer que o povo não tinha trabalho e comida. Este é meu crime, o julguem como queiram.

Se existem tantos anarquistas, é porque muita gente está enojada da triste comédia, que faz tanto tempo, nos mostram os governos

Resumindo, o povo não tem nem pão nem trabalho, e não temos em perspectiva mais que a guerra. E nós queremos a paz da humanidade e a união dos povos. Estes são os crimes que temos cometido.

Cada um busca seu caminho, nós buscamos o nosso e pensamos que o dia em que reine a liberdade e a igualdade, o gênero humano será feliz”.

Sobre o direito das mulheres

Eu admito que o homem também sofre nesta sociedade maldita, mas nenhuma tristeza pode ser comparada com a da mulher.

Na rua ela é a mercadoria. Nos conventos, onde se oculta como em uma tumba, a ignorância a ata, e as regras ascendem em sua máquina como engrenagens e pulverizam seu coração e seu cérebro.

No mundo se dobra sobre a mortificação. Em sua casa, suas tarefas a esmagam. E os homens querem mantê-la assim. Eles não querem que ela usurpe sua função ou seus títulos.

Nas reuniões do grupo dos Direitos das Mulheres, e em outras reuniões os homens mais avançados aplaudiram a idéia da igualdade.

Notei - eu já tinha visto antes, e vi mais tarde - que os homens, suas declarações não obstante, ainda que parecessem nos ajudar, sempre se conformavam com as aparências... me convenci que nós as mulheres simplesmente devemos tomar nosso lugar sem pedir permissão por isso.

Saúdo a todas aquelas valentes mulheres da vanguarda que foram de grupo em grupo; o Comitê de Vigilância, a sociedade das Vítimas da Guerra, e mais tarde a Liga de Mulheres.

O velho mundo deveria temer o dia em que aquelas mulheres finalmente decidam que já tiveram o bastante. Aquelas mulheres não fraquejarão.

A força se refugia nelas. Tomem cuidado com elas... Tomem cuidado com as mulheres quando se cansem de tudo o que as rodeia e se levantem contra o velho mundo. Nesse dia um novo mundo começará".

Sobre o poder

"talvez seria melhor para o povo se todos nós que dirigimos a luta agora caiamos em batalha, para que depois da vitória não fiquem mais estados maiores gerais. Assim o povo poderia compreender que quando todo mundo junto comparte o poder, então o poder é justo e esplêndido…

Quem informará os crimes que o poder comete, e a forma monstruosa em que o poder transforma os homens?”…


* Informações e fragmentos tomados do artigo de Victoria Aldunate Morales publicado em Kaos em la Red. Tradução: EC

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3 comentários:

Anônimo disse...

Herman Hesse:

“Antes me havia perguntado muitas vezes porque eram tão poucos os homens que conseguiam viver por um ideal. Agora percebia que todos os homens eram capazes de morrer por um ideal. Mas não por um ideal seu, livremente escolhido, mas por um ideal comum e transmitido.”

Anônimo disse...

"Com o poder acontece o mesmo que ocorre
com o tempo: ou o transformamos em nosso
bicho de estimação ou ele nos devora"(anônimo).

tania disse...

O que a mulher deve atentar é que nessa democracia de massas ,que parece "libertar" , ela não se torne um objeto se pensando livre...