"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/04/03

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Viver em minutos...

Eduardo Nunes (ISVA)

Isso não significa viver a vida intensamente a cada minuto, ao contrário, quero dizer, das pessoas que vivem minutos e, logo em seguida, já se esqueceram de tudo. Melhor seria dizer, sem memória por minuto, um Alzheimer por minuto.

O que faz ser assim uma pessoa?

Arrisco algumas hipóteses:

1) seria por causa das novas tecnologias de informação e comunicação (computadores, TV, celular) que por tanta informação, o melhor que nosso cérebro pode fazer é esquecer imediatamente tudo.

2) será por causa das grandes distâncias e aí novamente as tecnologias de locomoção também interferem em nossa memória?

Entramos e saímos de lugares, espaços, territórios rapidamente e não nos damos conta de onde estamos, quem está ali e, pior, nem lembramos com quem falamos ou mantemos algum contato.

3) seria talvez, por termos nos tornados tão insensíveis, insensatos, superficiais, por nos incomodarmos apenas ligeiramente por coisas tão triviais, misturadas, a tradições já esgarçadas (religiosas) de fundo moralesco, sem sentido?

Será que estamos tão alienados assim e que só importa é dinheiro para poder consumir, pessoas para poder consumir, alimentos para consumir, coisas para usufruir?

Fico pensando nesse minuto instantâneo, que não serve para nada, que passa e passa e some e já não nos lembramos mais.

Fico pensando nas pessoas que convivo e que espero que com-vivam comigo, que não se esqueçam de mim, que me procurem para fazer coisas juntas, significativas, ações diretas mas inesquecíveis.

No momento em que escrevo essas linhas, passa um carro com um som alto, tocando um pagode impossível, logo depois passa outro e me corta esse minuto de pensamento.

Grito, levanto e vou olhar na janela o automóvel pois o cara está encoberto pelo vidro fumê, me reto, já não posso fazer nada, nem retomar minhas idéias e ainda por cima, veja no ponto de ônibus em frente da minha janela uma garota rebolando ao som do carro que toca essa desgraça.

Desisto, vou ligar a televisão para me distrair.


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