Centro de Cultura Social
um encontro com:
Albert Camus, “O Estrangeiro”
(des)encontros anárquicos de literatura.
(leia o livro e traga uma bebida)
17/04, sábado às 20h
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Albert Camus
(no prefácio à edição americana do livro, em 1955)
Resumi O Estrangeiro, já faz bastante tempo, com uma frase que reconheço ser bastante paradoxal: “em nossa sociedade, todo homem que não chora no enterro de sua mãe corre o risco de ser condenado à morte”.
Pretendo dizer apenas que o herói do livro é condenado porque ele não joga o jogo. Nesse sentido, ele é estrangeiro à sociedade onde vive; ele erra, à margem, nos subúrbios da vida privada, solitária, sensual.
E por isso os leitores são tentados a considerá-lo como um arruinado.
Ter-se-á contudo uma idéia mais exata do personagem, em todo caso mais conforme às intenções de seu autor, caso se pergunte de que modo Meursault não joga o jogo. A resposta é simples: ele recusa mentir. Mentir não é somente dizer o que não é.
É também, sobretudo, dizer mais do que é; e, no que concerne ao coração humano, dizer mais do que se sente. É o que fazemos todos, todos os dias, para simplificar a vida.
Meursault, contrariamente às aparências, não quer mais simplificar a vida. Ele diz o que é, recusa mascarar seus sentimentos e imediatamente a sociedade se sente ameaçada.
Pedem por exemplo para ele dizer que se arrepende de seu crime, segundo a fórmula consagrada. Ele responde experimentar a esse respeito mais enfado do que arrependimento verdadeiro. E esse tom o condena.
Meursault, para mim, não é portanto um arruinado, mas um homem pobre e nu, amante do sol que não deixa sombra.
Longe de ser privado de toda sensibilidade, uma paixão profunda, porque tenaz, o anima, a paixão do absoluto e da verdade.
Trata-se de uma verdade ainda negativa, a verdade de ser e de sentir, mas sem a qual nenhuma conquista sobre si jamais será possível.
Não seria errôneo, portanto, ler em O Estrangeiro a história de um homem que, sem nenhuma atitude heroica, aceita morrer pela verdade.
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Centro de Cultura Social
Rua Gal. Jardim nº 253 – sala 22 – Vila Buarque (metrô República)
Um comentário:
Sempre estrangeiro...
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