"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/04/16

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BARBARA GANCIA "É o celibato, estúpido!"


Como pode o Vaticano vir falar em celibato e em "identidade sexual dos padres" ao mesmo tempo?

São Paulo, sexta-feira, 16 de abril de 2010 - Folha de S.P.

A VIDA ENSINA que, quanto mais o sujeito tem raiva de homossexuais, mais enfiado deve estar seu pé no armário. E ensina também que de oportunistas o mundo está cheio. O caso de Roy Ashburn, senador republicano pela Califórnia, é emblemático.

Passou dois mandatos combatendo os direitos dos homossexuais e, em março, acabou detido por dirigir alcoolizado ao sair de uma boate gay com um garoto de programa. No seu pedido de demissão, admitiu que ser antigay era uma boa maneira de atrair o voto do eleitor.

Outro fato conhecido é o do pastor Ted Haggard, que pregava contra a homossexualidade para o público ultraconservador do meio-oeste americano até que um profissional do sexo cansou da hipocrisia e revelou publicamente que o pastor era seu cliente havia três anos.

Esses casos de "ódio funcional" remetem ao tititi da semana. O que eu gostaria de saber é se houve algum problema recente envolvendo homossexuais e pedofilia. Os gays fizeram alguma coisa errada? Creio que não, não é mesmo?

Então por que o número dois do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone resolveu declarar guerra aos gays? Já não bastava a CNBB ter voltado seus canhões contra a lei que criminaliza a homofobia no país, projeto que busca apenas valorizar o homossexual como cidadão?

Pouco importa se a Santa Sé depois tenha tentado abrandar as palavras do cardeal, que é o segundo na hierarquia da igreja. O estrago contra milhões de pessoas está feito.

Na tentativa desesperada de acobertar o que não consegue mais conter (no mês passado foram 15 mil ligações a uma linha telefônica para denúncias anônimas contra padres na Alemanha), a igreja empurrou o problema para a frente e tentou criar um vínculo na mente de seus fiéis entre homossexuais e um crime asqueroso.

É de uma desonestidade de ajoelhar no milho.

Eu digo que já passou da hora de acabar com esse bullying da igreja. Poderíamos começar colocando os pingos nos is. Alô, cardeal Bertone! Palavras terminadas em "ismo" são as patologias.

Que eu saiba, homossexualidade deixou de ser considerada como doença pela Organização Mundial da Saúde há mais de 20 anos, então não pode ser "homossexualismo". Já celibato é a supressão da sexualidade, isso sim, uma coisa de dar medo.

Aliás, eu gostaria de entender: como é que o Vaticano fala, ao mesmo tempo, em celibato e em "identidade sexual dos padres"? Não seria misturar as duas coisas o que acabou dando nessa confusão toda em que a igreja se meteu?

Dois dos mais conceituados intelectuais ateus do nosso tempo, Richard Dawkins e Christopher Hitchens, afirmaram nesta semana que estão estudando uma maneira legal de pedir a prisão do papa Bento 16 por crimes contra a humanidade assim que ele pisar na Inglaterra, em visita oficial, em setembro.

Na visão deles, o papa teria acobertado casos de pedofilia quando cardeal, deve ser julgado como cúmplice e não tem imunidade diplomática, já que o Vaticano não é um estado representado na ONU.

Parece extremo? Bem, do ponto de vista das centenas de milhares de vítimas de estupro praticado por padres ou aos olhos dos homossexuais que, para a igreja, não passam de aberrações, nem tanto...

barbara@uol.com.br

www.barbaragancia.com.br

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Blogger Edson Lopes disse...

Talvez sair do armário não seja mais uma atitude política, e mais interessante seja pronunciar-se gay, em nome do desejo e não monogâmico sim, obrigado! (ou seja, não cristão e contra o casamento). Uma das instituições mais usadas em defesa dos direitos civis gays é o "casamento." Instituição religiosa e ritualística, estruturada por uma unção, benção. Requerer o casamento é requerer tudo que vem junto com ele, todo o peso simbólico das representações cristãs e religiosas, quiça, seus assassínios.

16/4/10

4 comentários:

Anônimo disse...

Cálice
Chico Buarque
xxxxxxxxxxxxx
Composição: Chico Buarque e Gilberto Gil
xxxxxxxxxxxx
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)
Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cálice!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cálice!)
Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cálice!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
(Pai! Cálice!)
Quero perder de vez
Tua cabeça
(Cálice!)
Minha cabeça
Perder teu juízo
(Cálice!)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
(Cálice!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
(Cálice!)

Anônimo disse...

mais uma vez a história se repete como comédia...

EU disse...

eu recomendo:

Deus Não É Grande
Autor: Hitchens, Christopher
Editora: Ediouro (rj)
Categoria: Religião / Religião (Diversos)

Como a religião envenena tudo.

Baseado nos mais importantes textos sagrados, este livro documenta como o conceito de Deus é um reflexo do nosso medo da morte.

Um conjunto de dogmas responsáveis por uma severa repressão sexual e distorções sobre a evolução do homem e do cosmos.

Edson Lopes disse...

Talvez sair do armário não seja mais uma atitude política, e mais interessante seja pronunciar-se gay, em nome do desejo e não monogâmico sim, obrigado! (ou seja, não cristão e contra o casamento). Uma das instituições mais usadas em defesa dos direitos civis gays é o "casamento." Instituição religiosa e ritualística, estruturada por uma unção, benção. Requerer o casamento é requerer tudo que vem junto com ele, todo o peso simbólico das representações cristãs e religiosas, quiça, seus assassínios.