"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/05/05

extraindo conceitos__49

O FUTURO E O MUNDO SÃO CRIADOS PELOS HOMENS*

António Joaquim de Sousa

"Os homens temem este desconhecido no qual entrariam se renunciassem à atual ordem de vida conhecida. Sem dúvida, é bom temer o desconhecido, quando nossa situação conhecida é boa e segura; mas este não é o caso e sabemos, sem margem de dúvida, que estamos à beira do abismo."
Liev Tolstoi

Mesmo neste momento de maior arrogância do sistema capitalista, que se travestiu em sociedade democrática e só por esse nome quer ser conhecido, e principalmente do seu Estado, quando a ideologia do Poder e da Sujeição se escutam em todo o lado, não se descortinam argumentos a favor de um sistema essencialmente - e historicamente - infame.

A sua irracionalidade econômica e social é por demais evidente, a pequena ilha de abundância, cercada de pobreza, pode até ser o paraíso para a maioria dos que aí vivem. Só que não passa disso, uma ilha que é abastecida e financiada pelos que vivem fora dela. A multidão de esfomeados, desesperados ou conformados na miséria e que povoam as grandes regiões do planeta.

Que futuro aponta essa realidade?

Certamente não a ampliação da sociedade de consumo, à escala universal - mesmo que se amplie a novas ilhas - os recursos escassos e a crise ecológica provocada pela economia do lucro e do desperdício só permitem visualizar uma planificação autoritária à escala mundial, com o controlo rigoroso dos recursos, da destruição ambiental e da própria população. Em resumo, um sistema ainda mais autoritário e injusto.

O contraponto a esse futuro será sempre uma possibilidade, criada a partir da vontade, desejo e consciência dos de baixo, dos excluídos deste sistema, mas também de todos os estratos sociais para quem a humanidade é maior que o Estado, evocando as palavras de Martin Buber. Os que têm consciência que as opções são mais vastas e que o futuro e o mundo são criados pelos homens, como tal sempre estarão abertos à acção criadora dos grupos sociais.

Do ponto de vista do anarquismo, do movimento dos que recusam todas as formas de dominação, não podemos deixar de considerar uma prova da perenidade do inconformismo e da rebeldia a persistência do movimento e das ideias, mesmo nesta época de restauração e conformismo.

O aparecimento de novos grupos no leste europeu e em países do 3º Mundo, bem como a aproximação dos novos movimentos e de intelectuais dos princípios libertários, sinalizam a pertinência da reflexão anarquista sobre o Poder, a Dominação e o Estado, abrindo possibilidades para o ressurgir dum socialismo libertário, orgânico e federalista.

Ninguém foi tão longe quanto os anarquistas na tentativa de fazer convergir a igualdade e a liberdade, o indivíduo e a comunidade, a autonomia e a cooperação. Por isso podemos dizer que é uma síntese dos ideias que revolucionaram a época moderna, uma utopia subversiva que questiona permanentemente a realidade, sobre valores fundamentais ainda não realizados.

Por essa razão, o anarquismo mantém toda a sua atualidade, acima de modas e conjunturas, até porque a ética e a rebeldia libertárias são eternas, como Prometeu. Embora a sua concretização subversiva só possa ocorrer dentro dos movimentos sociais reais. Sendo esse o nosso maior desafio.

fonte:

extraido do 5º. capítulo do artigo "OANARQUISMO HOJE--PROBLEMAS E POSSIBILIDADES DE UMA PRÁTICA LIBERTÁRIA", in Revista Utopia nº. 1/ abril de 1995.


anônimo:

“A não ser que haja uma catástrofe inimaginável no presente momento, e tecnologia moderna preside e continuirá a presidir a nossa civilização no futuro médio.

O mundo se apresenta para nós como aberto a imensas possibilidades de inovações. O homem tem possibilidades de exercer sua criatividade como jamais antes sonhou.

Novos mundos poderão ser e deverão ser criados pelo homem e pela tecnologia. No umbral do milênio, o homem encontra-se diante da perspectiva de poder criar quase ilimitadamente.

Para não se alienar, para não se acomodar e para não perder sua humanidade, para usufruir deste novo horizonte que se descortina, é preciso espírito crítico com relação à própria tecnologia.

In: educação tecnologica: desafios perspectiva, de miriam zippin grinspum (org.), editora Cortez

Um comentário:

Anônimo disse...

“NUNCA DUVIDE DE QUE UM PEQUENO GRUPO DE CIDADÃOS COMPROMETIDOS E EMPENHADOS PODE MUDAR O MUNDO; NA VERDADE, É SÓ ISSO QUE O TEM MUDADO!”

MARGARET MEAD