"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/05/26

ISVA // cine-club de valéria__02


Sem dúvida, Machuca, figura entre os melhores filmes latino-americanos da última década. Contribuindo muito para a releitura de um período político bastante nebuloso que foi a década de 70.

A história se passa em 1973, quando o país [Chile] era governado pelo socialista Salvador Allende, marcado por um sensível acirramento da luta de classes. De um lado ocorriam passeatas organizadas pela esquerda – com intensa participação de trabalhadores e estudantes – do outro, passeatas contra o presidente eleito, lideradas pela direita nacionalista e anti-comunista.

Neste contexto, Gonzalo, um garoto de classe média-alta, estudante de um dos colégios de maior prestigio de Santiago, o Saint Patrick, conhece Pedro Machuca, menino pobre que estuda no colégio graças a uma política de concessão de bolsas a pessoas de baixa renda.

Em meio a uma briga na escola, Gonzalo e Pedro Machuca se aproximam, nasce então uma amizade entre os dois garotos. Esta amizade é o tema principal do filme que se desenrola com um pano de fundo que originou no golpe contra o governo de esquerda de Salvador Allende.

Porém, esta aproximação se esbarra na origem distinta dos dois garotos, o rico e o pobre, o conservador e o progressista, mundos diferentes e completamente antagônicos. Ambos são mal vistos pelos seus colegas e as questões de classe inevitavelmente aparecem na relação entre os meninos.

É muito interessante a maneira como simples garotos reproduzem a mentalidade do círculo social em que vivem.

Machuca mistura doses de romance com intenso teor de política, configurando-se como um filme bonito e ao mesmo tempo indigesto. Esta dicotomia que nos revela quão contraditória é nossa sociedade.

publicado no Recanto das Letras em 25/04/2009

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