"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/08/28

extraindo conceitos


segunda-feira, 30 de junho de 2008

"... somos todos responsáveis por tudo

e por todos perante todos,

e eu mais do que os outros..."
Fedor Dostoievski
(uma citação do romance ‘Os irmãos Karamazoff’)

Além de um conceito filosófico aprisionado em páginas e mais páginas de papel, já foi o desejo de muitos indivíduos, principalmente daqueles que estavam subjugados a alguma lei coercitiva, norma anacrônica ou a uma limitação qualquer que lhes tolhia os movimentos físicos e/ ou de pensamento...

Alguém fez a pergunta que não queria calar e que se fazia necessária: o que vem a ser liberdade?

É óbvio que mil e umas serão as respostas sobre tão especulativo tema, que pode ter uma infinidade de texturas nos infinitos campos de pesquisa do conhecimento humano.

Indo da pureza de sentimento de uma mente que é ligada a transcendência espiritual buscando superar os instintos primários de sobrevivência da espécie até ao mais sacana e inescrupuloso dos capitalistas na sua sanha desmesurada em amealhar a maior quantidade de riquezas possível para estocar em proveito próprio do seu ego carente.

E ele – o empresário empreendedor/ capitalista inescrupuloso – o faz sem o menor pudor ético, filosófico ou moral, pois é a sua escolha de ser/ viver a natureza competitiva, acumulativa e conseqüentemente destrutiva.

E para esse modo especifico de se viver uma experiência existencial que não aceita trabalhar com os limites que minimizam as interferências prejudiciais ao ritmo de renovação do meio ambiente.

Escolha que prioriza ajuntar coisas para se mostrar forte e poderoso diante de terceiros, mesmo sabendo que será quase impossível encontrar um ‘dia tal’ para sentar e saborear tudo o que se colecionou durante o seu curto período de existência física entre os pobres mortais explorados e surrupiados nestes atos de ganância econômico-financeiros.

Sem buscarmos contextualizar no nosso cotidiano o que queremos vivenciar com a prática da liberdade, viveremos várias vidas para encontrar uma resposta. E à cada interrogação, em cada uma dessas vidas teremos mil e uma respostas diferentes.

Na verdade o que estamos construindo é uma eterna repetição e sem nenhuma perspectiva de sair desse círculo vicioso no qual estamos habituados a viver: escolas de submissão, religião patriarcal, família nuclear e outras tantas experiências afins.

Um caminhar que não acrescenta nenhum sentido prático para as vivencias de um sem número de indivíduos, que não querem se submeter aos algozes de plantão, vendedores de ilusões e travestidos de salvadores de almas, corpos e mentes neste mundo midiático de promessas virtualmente vazias de propósitos.

A liberdade de ir e vir, defendida com unhas e dentes pela burguesia esclarecida – altamente qualificada e especializada – e enriquecida na exploração do trabalho alheio, deve está ligada diretamente ao exercício da igualdade para que todos tenham como exercitar o direito de trabalhar, habitar, comer, vagabundear, estudar, curar-se etc.

Digo mais, devemos por em prática vivências coletivas onde a dignidade e o respeito entre iguais sejam praticados, pois só assim esta conquista da liberdade se fará presente na existência pessoal e cotidiana de todos.

E para se chegar até lá é necessário termos como meta primordial organizarmo-nos em lutas que rompam com o instrumento de dominação ideológico da burguesia: o Estado político, que a tudo absorve, molda, adestra e destrói nos cotidianos individuais e coletivos!!

Liberdade, portanto, só quando pular do papel – mundo das idéias – e for de encontro à vida para ser vivida coletivamente por todos e por cada um sem amo ou senhor...


fonte:

http://midia-rebelde.blogspot.com/2008_06_01_archive.html

Um comentário:

João disse...

Cesposta textaual comovente para mim e relativamente consistente. Explico, sou muito sensível a este caso, causa, consequência: Liberdade. Contudo, quanto mais caminho por minha vida, em lugares já conhecidos e outros dantes nunca imaginados. Olha para mim mesmo, observo a mim mesmo, e o que vejo em mim e no meu entorno, é que o Estado e as pessoas se confundem, se dão vida. É isso então, não é apenas o Estado que nos oprime, maltrata e explora, as grandes empresas petrolíferas, as lojas de supermercado, os bares em que bebemos, os lugares da web por onde passeamos tipo salas de batepapo.
Nós fundamos o Estado e tudo ao nosso redor. A não ser que haja uma força desconhecida e organizada para ter criado tudo magicamente.
Então por que votar? para quem votar? por quem votar? Recordo como muitos companheiros anaqruistas votaram em Lula. No momento me soou estranho, hoje não mais. Contudo, o que se espera de uma anarquista nem mesmo os anarquistas de hoje sabem, ou pensam, ou fazem.
Trata-se uma vez mais amigo, e companheiro e irmão, de nos enfrentarmos com nossos fantasmas e nos recriarmos admitindo contradições e vivendo-as, o que nos faz sofrer muito.
Assim, quero e tento fazer o que Dostoievski sugere: pular das margen do papel para a vida.
Um grande abraço saudoso.