"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/09/03

extraindo conceitos


Título: No Café: Diálogos sobre o anarquismo

Autor: Errico Malatesta

Páginas: 150

Tradução: Nils Skare

ISBN: 978-85-99441-04-6

Preço: R$ 24,00

Nome proeminente no anarquismo italiano, Malatesta frequentava cafés mesmo foragido. As conversas que teve serviram de base para este livro, escrito sob a forma de diálogos.


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ERRICO MALATESTA

NO CAFÉ:
DIÁLOGOS SOBRE O ANARQUISMO

Uma obra sob o signo do perigo

Claro e direto, este conjunto de diálogos que Errico Malatesta (1853 – 1932) ambientou num café é tanto uma obra de difusão dos ideais anarquistas quanto um verdadeiro mapa para a atuação do militante.

Escrito num período que compreende mais de 23 anos, No Café: Diálogos sobre o Anarquismo se vale da discussão entre vários personagens para representar as diferentes posições sociais e sua relação com o programa de transformação social anarquista.

Os Diálogos começaram a ser escritos por Malatesta em 1897. Nesse período, o autor se encontrava foragido na cidade de Ancona, esforçando-se para produzir o periódico L’Agitazione. Ainda que perseguido, frequentava os cafés da cidade, tendo raspado a barba característica para efeitos de disfarce.

Nesses cafés, Malatesta travava conversas com os mais variados frequentadores, e até mesmo com membros da polícia, que mal adivinhavam que o procurado anarquista estava logo ali à frente deles. Naturalmente, o anarquismo era tema constante dessas conversas, a julgar pela propaganda difundida pelos militantes nessa cidade, difusão que com frequência levava a prisões.

No final daquele ano, Malatesta acabou preso e logo foi solto. Abandonou temporariamente este texto e passou a dar palestras, mas novamente foi colocado em prisão domiciliar em 1898. Nesse mesmo ano, fugiu para o exterior, deixando os Diálogos em número de dez.

Foi somente 15 anos depois, em 1913, que Malatesta, ao retornar a Ancona, voltou a este texto. Dessa vez, havia começado outro jornal, chamado agora Volontà. Nesse veículo publicou os dez diálogos originais, em forma editada e corrigida, acrescentando mais quatro.

Os Diálogos foram mais uma vez interrompidos por eventos políticos. Às vésperas da Primeira Grande Guerra, eclode na Itália a Semana Vermelha, um levante popular no qual Malatesta se envolveu ativamente. Mais uma vez perseguido, se viu obrigado a se refugiar em Londres.

Passados seis anos, retorna à Itália, onde funda agora o jornal Umanità Nova. Teria deixado os Diálogos como estavam, mas diz-se que um hóspede desconhecido, possivelmente Luigi Fabbri, o teria incentivado a continuar a série, e surgem então três novos episódios.

O conjunto foi completado em outubro de 1920. No dia 16 desse mês, Errico Malatesta foi levado à prisão de San Vittore. Sua casa foi vasculhada à busca de armas e explosivos, mas os manuscritos não foram encontrados. Foram publicados em 1922 com uma introdução de Fabbri.

Reflexões com um propósito prático

Estes Diálogos de Malatesta devem ser encarados não apenas como a exposição de uma teoria política, mas como uma elucidação prática, na medida em que o anarquismo toma corpo e poder de fogo justamente no interior de uma formação social.

Aqui, o estudo consequente – mantendo sempre em mente a necessidade da introdução das mudanças históricas – é valioso para o anarquista que precisa situar-se dentro do discurso social.

Tome-se como exemplo um personagem como Cesare, que fala pelos pequenos proprietários. Embora se coloque de antemão contra qualquer coisa que possa abalar a ordem existente, mostra-se consciente das questões sociais e atento às ideias de Giorgio (Malatesta). A maneira como o anarquista conduz sua argumentação é modelar.

No diálogo 16, para tomar outro exemplo, trata-se da discussão sobre o nacionalismo, apresentada pelo veterano de guerra aleijado Pippo. A maneira como Giorgio (Malatesta) apresenta o patriotismo como um mecanismo pelo qual a burguesia recruta a classe trabalhadora em prol do regime de propriedade é profundamente instrutiva.

No Café: Diálogos sobre Anarquismo é uma obra onde as principais ideias anarquistas estão expostas de maneira clara e acessível. E é uma arma poderosa na mão daqueles que lutam pela transformação social. O leitor de língua portuguesa tem acesso, agora, pela L-Dopa Publicações, a esta obra na totalidade de seus 17 diálogos.

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