"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/10/04

extraindo conceitos


Numa sociedade cuja constituição não force o indivíduo ao crime, à luta, mas lhe dê interesse em ser bom, a bondade será coisa natural.

Livre de peias econômicas e legais, a mulher não se venderá, não será escrava do homem.

Livre da escravidão do salariato e do trabalho brutal, os homens poderão instruir-se e a ciência e a arte serão realmente para todos; as mentes serão sãs em corpos sãos.

Não será totalmente suprimida a dor, nem abolido o esforço, o que seria absurdo; mas a felicidade provém dum equilíbrio normal entre o esforço produtivo e a possibilidade de consumir, do exercício natural das nossas faculdades.

Utopia! Dizem os que esqueceram ser a utopia de hoje a realidade de amanhã. Ao escravo sucedeu o servo, ao servo o salariado e basta que os homens queiram – as condições são já favoráveis, o terreno está preparado – para que ao salariado, ao prisioneiro de uma terra monopolizada, suceda, não o funcionamento, combinação do salariado com o servo, mas o indivíduo autônomo e solidário, o homem livre sobre a Terra livre!

É utopia a Anarquia?

Tudo o que é humano é utópico antes de tornar-se realidade; e tudo o que depende da vontade humana é realizavel. O que importa é ter um caminho orientado.

E, quando esse caminho passa entre pessoas que trabalham, comem, amam e pensam, passa entre casas e suas indústrias e entre tudo aquilo que sua espontânea fraternidade criou nos séculos, recolhendo e depurando tradições, coordenando esforços, derrubando as barreiras que aprisionam a vida e impõem a uniformidade, reconhecemos nele o caminho da História real, da qual só centelhas fugazes chegam aos textos pedagógicos; não é o caminho da utopia.

Utopia é querer fabricar uma sociedade desde o topo do governo, utilizando os homens como matéria-prima, à força de leis aplicadas pela vivência.

in:

“A Plebe”, São Paulo.

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