"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/12/30

indicação de leitura


Revolução e liberdade é uma compilação de cartas de Bakunin, organizada por Plínio Augusto Coêlho, que reúne trinta correspondências escritas entre 1845 e 1875.

Nelas, são retratados aspectos pessoais e políticos de sua vida:

a relação com a família;
as posições sobre a questão eslava;
as prisões, o exílio e a fuga da Sibéria;
as concepções sobre a revolução social;
as posições programáticas;
as relações com Marx e a participação na Associação Internacional dos Trabalhadores (Primeira Internacional);
o período final de sua vida, quando se retira da política.

Essa publicação é relevante para que a história de Bakunin, e, consequentemente, a história dos diversos acontecimentos que a ele estiveram ligados, possa ser conhecida, compreendida e analisada, com base em fontes primárias elaboradas pelo próprio autor.

Mikhail Alexandrovitch Bakunin (Tver, 1814 - Berna, 1876) foi um revolucionário russo que contribuiu, determinantemente, em teoria e prática, para o desenvolvimento do anarquismo na Europa ocidental, tendo influência nos rumos do movimento de trabalhadores, em nível mundial.

Bakunin nasceu em uma família de nobres russos, foi educado em casa e seguiu aos catorze anos para a carreira no exército, abandonando-a em 1835. Vai a Moscou, onde participa do círculo de Stankevitch, apaixonando-se pelo romantismo e pelo idealismo alemão, especialmente por Fichte e Hegel.

Em 1840, vai a Berlim onde integra-se à esquerda hegeliana e publica artigos. Converte-se ao comunismo e toma contato com a causa dos eslavos, ingressando na luta contra o imperialismo. Influencia-se na relação com P.-J. Proudhon e tem contato com Marx.

Participa, em 1848, dos levantes na França e da Insurreição de Praga, e, em 1849, prepara a Insurreição da Boêmia e destaca-se como comandante militar do levante de Dresden. Preso, permanece na prisão e no exílio com trabalhos forçados de 1849 a 1861, quando foge, chegando a Londres.

Logo integra-se à vida política, escrevendo e atuando; vai, em 1865, para a Itália, onde desenvolve intenso trabalho de propaganda e organização, fundando a Fraternidade Internacional, uma organização política secreta.

Participa dos Congressos da Liga da Paz e da Liberdade em 1867 e 1868, quando a maioria dos membros da Liga nega-se a aceitar o programa socialista, federalista e antiteísta que propunha.

Esse fato fez com que Bakunin e outros militantes rompessem e fundassem a Aliança da Democracia Socialista. É somente em meados dos anos 1860 que Bakunin adere completamente ao anarquismo, fato que se consolida com sua entrada na Internacional.

Produz, nesse momento, diversos escritos e envolve-se nas discussões de seu tempo. Exerce ampla influência na Internacional, especialmente nos países latinos.

Ameaçando a hegemonia de Marx, é expulso em 1872, quando funda, com um amplo setor egresso da Internacional, a Internacional “Antiautoritária”. Participa da Insurreição de Bolonha em 1874 e, ao final da vida, retira-se da política e falece na Suíça em 1876.

Destacam-se, no último período de sua vida, algumas de suas posições:

o materialismo não economicista como método de análise, a crítica do capitalismo, do imperialismo e, fundamentalmente, do Estado, a estratégia de luta do proletariado internacional, o classismo e a própria concepção de classe e de sujeito revolucionário, além da defesa intransigente da revolução social.

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Plínio Augusto Coêlho é tradutor desde 1984, quando fundou a Novos Tempos Editora, em Brasília, dedicada à publicação de obras libertárias. A partir de 1989, transfere-se para São Paulo, onde cria a Editora Imaginário, mantendo a mesma linha de publicações e traduzindo dezenas de obras.

É o maior tradutor e editor das obras de Bakunin em português, incluindo, dentre suas traduções, Federalismo, socialismo e antiteologismo (Cortez, 1988), O princípio do Estado e outros ensaios (Hedra, 2008) e Estatismo e anarquia (Imaginário/Ícone, 2003).

É idealizador e cofundador do IEL (Instituto de Estudos Libertários).

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Felipe Corrêa é editor pós-graduado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo e pesquisador do anarquismo e dos movimentos populares.

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Série Estudos Libertários reúne obras, em sua maioria inéditas em língua portuguesa, que foram escritas pelos expoentes da corrente libertária do socialismo.

Importante base teórica para a interpretação das grandes lutas sociais travadas desde a segunda metade do século XIX, explicitam a evolução da ideia e da experimentação libertárias nos campos político, social e econômico, à luz dos princípios federalista e autogestionário.

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