"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2011/01/11

extraindo conceitos


Um novo diálogo entre homem e natureza


Ilya Prigogine [nascido (25/ 01/ 1917 ~ 28/ 05/ 2003) russo, e naturalizado belga;
físico-químico;
especializado em
sobreestruturas dissipativas,
sistemas complexos
e irreversibilidade;
e ganhador do Prêmio Nobel de Química de 1977]

 [...], o universo aparece como um grande autômato.

Já dissemos que, para Einstein, o tempo no sentido de tempo direcional, de irreversibilidade, era uma ilusão. Geralmente, como afirmam muitos livros e publicações, o comportamento clássico ante o tempo tem sido uma espécie de desconfiança.

Num universo ambidestro, Martin Gardner escreve que a segunda lei da termodinâmica só torna certos processos improváveis, mas jamais impossíveis. Em outras palavras, a lei do aumento da entropia só se refere a uma dificuldade prática, sem nenhum fundamento profundo.

Analogamente, em "O acaso e a necessidade", Jacques Monod exprime a idéia de que a vida seja apenas um acidente na história da natureza.

É uma espécie de flutuação que, por razões não muito claras, está em condições de se manter. É certo que, qualquer que seja nossa compreensão de problemas tão complexos, nosso universo tem um caráter pluralista.

As estruturas podem desaparecer como num processo de difusão, mas também podem nascer como em biologia e, de modo ainda mais visível, nos processos sociais.

Alguns fenômenos são bem descritos por equações deterministas, como no caso dos movimentos planetários; mas alguns outros, como a evolução biológica, podem comportar processos estocásticos [são aqueles que têm origem em processos não determinísticos, com origem em eventos aleatórios; exemplo: 


o lançar de 'dados' resulta num processo estocástico, pois qualquer uma das 6 faces do 'dado' tem iguais probabilidades de ficar para cima quando de seu arremesso].

Mesmo o cientista mais convicto da validez das descrições deterministas hesitaria em afirmar que no momento do Big Bang a data desta minha conferência já teria estado inscrita nas leis da natureza.

Vivemos num único universo. Começamos a ver que a irreversibilidade e a vida estão inscritas nas leis fundamentais, também em nível microscópico.

Além disso, a importância que atribuímos aos vários fenômenos que podemos observar e descrever é muito diversa, para não dizer oposta, de quanto sugeria a física clássica, para a qual os processos eram deterministas e reversíveis.

Os processos que implicavam causalidade ou irreversibilidade eram considerados exceções, meros artefatos.

Hoje, por toda parte vemos em ação processos irreversíveis, de flutuação.

Os modelos considerados pela física clássica são para nós limitados a situações que podemos criar artificialmente, por exemplo, pondo certa quantidade de matéria numa caixinha e esperando que ela atinja o equilíbrio.

O artificial pode ser determinístico e reversível. O natural contém elementos essenciais de casualidade e de irreversibilidade.

Isto conduz a uma visão da matéria na qual ela não é mais passiva, como afirmava a velha visão mecanicista do mundo, mas está associada à atividade espontânea.

Esta mudança é tão profunda que creio que se possa verdadeiramente falar de um novo diálogo entre o homem e a natureza. (...)

Se tivéssemos solicitado a um físico, somente poucos anos atrás, o que a física está em condições de explicar e o que deixa em aberto, provavelmente teríamos podido ouvir responder que obviamente não conhecemos suficientemente as partículas elementares ou as características cosmológicas do universo em seu todo, mas entre estes dois extremos os nossos conhecimentos são bastante satisfatórios.

Hoje, uma minoria crescente (à qual também eu pertenço) não compartilharia de um comportamento tão otimista.

Pessoalmente estou persuadido que apenas nos encontramos no início de uma compreensão mais profunda da natureza em torno de nós, e isso me parece ser de enorme importância para incluir a vida na matéria e o homem na vida. (...)


fonte:
http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=21216

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