"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

........

2011/01/02

visões antropofágicas

A anarquista russa Emma Goldma (Kaunas, 27 de julho de 1869 – Toronto, 14 de maio de 1940), ainda hoje, nos surpreende com suas palavras certeiras como uma flecha arremessada em busca do futuro:

“o estado e as instituições políticas e econômicas que ele instaurou não podem sobreviver senão modelando o indivíduo a fim de que ele sirva a seus interesses”.

Não estranhamos, portanto, quando vemos indivíduos que recusam a sua condição de criadores de riquezas para se prostarem de joelhos diante dos edifícios do consumo de quiquinlharias multicoloridas:

concessionárias de automóveis, shoppings center, templos de adoração ao absoluto, etc...

Este é o ‘presente’ em que as flechas (críticas) de Emma Goldman aportaram.

Vivemos, pois, como gado pacientemente ‘tangidos’ ora em direção ao pasto (acumular), ora em direção a um curral asséptico e labiríntico (consumir).

Neste processo de ir e vir somos ‘marcados’ como potenciais consumidores de bugingangas e balangandãs sem qualquer tipo de análise crítica – por nossa parte – ao que está posto por este sistema que nos oprime com seus controles mentais e corporais, e suas leis disciplinares, coercitivas.

E quando nos mostramos inaptos (não-adaptados) somos levados ao abatedouro (periferia)... E lá é sacralizada a nossa ‘merecida’ exclusão social, moral e psicológica.

As síndromes, que nos atormentam e campeiam soltas aos quatro ventos, são a prova cabal desta situação.

Esta nova realidade, que hora se apresenta, referenda alguns limites que são impostos pelo Estado e pela sociedade capitalista; limites que se impõem como uma encruzilhada, qual seja:

resignar-se a compartilhar da efêmera prosperidade econômica que uma parcela diminuta do ‘povo’, do mercado e do Estado gozam ou buscar encontrar caminhos não-autoritarios como opção de vida.

Isso para que a desejada sociedade federativa, igualitária e livre não fique em segundo plano na nossa relação de prioridades.

Comandado pela ganância do mercado – ou pela burocracia canhestra dos experts em planificação – o Estado invadiu e tomou posse de todas as áreas de atuação humana; não existe, portanto, mais a distinção entre o público e o privado.

Atente, pois, para os ‘milagres’ econômicos, educacionais, culturais, cientificos etc.:

está tudo dominado pelo senso comum e o Estado é apresentado como a única solução para equacionar todas as adversidades e contradições!

Restanto somente, aos excluídos, as míseras migalhas sobejadas pelo Estado ‘previdente’, isso através de planos assistenciais de política pública defendidos raivosamente pela direita retrógada e/ ou pela esquerda revisionista.

E tudo indica que pode ficar pior, pois estamos cada vez mais nos isolando do mundo real e perdendo a capacidade de agir coletivamente (onde se guarda o verdadeiro potencial transformador) para o bem-estar de toda a comunidade.

É preciso, portanto, que saímos dos nossos casulos e caminhemos em direção ao outro para agirmos coletivamente contra os nossos algozes, pois a prosperidade econômica – não podemos negar este feito do neo-liberalismo – que aí está é ancorada nas mazelas de muitos milhões para benefícios de alguns poucos...

Faz-se necessários que tomemos conhecimento da nossa condição de explorado (e/ ou alienado) neste processo de dominação político-econômico-social; e de posse dessas informações transformemos em nossos os desejos de resistência ao Leviatã e seus acólitos.

Sociabilizar-se com um maior número possível dos que se opõem contra este sistema de dominação pelo consumo de inutilidades, pois o mundo é feito também de pessoas e não apenas de máquinas inteligentes que nos abduz para as malhas do universo virtual da web.

Sociabilizar-se? Sim!

Eis a premissa primeira que se impõem nestes tempos sombrios de violências institucionais:

escolas, fábricas, igrejas, exércitos, sindicatos, partidos políticos etc.

Que contribuem ideologicamente para que a assertiva Di Lampedusa (tudo deve mudar para que tudo fique como está) se reproduza ad anfinitum...

Sejamos críticos, como já o fez o anarco-individualista alemão Max Stirner (Bayreuth, 25 de outubro de 1806 – Berlim, 26 de junho de 1856) com a sua ‘sociedade dos egoístas’ ao afirmar que:

“O objetivo dos governos é sempre o mesmo:

limitar o indivíduo, domesticá-lo, subordiná-lo, subjugá-lo”.

fonte:

http://www.4shared.com/document/JH5xscFE/Verso_Final_Nov_2010.html

Nenhum comentário: