25.11.07
Carta para as futuras gerações [04/06]
por Ilya Prigogine
IIya Prigogine é cientista de origem russa, nascido em Moscou, em 1917. Vive na Bélgica desde os 12 anos. Em 1977, recebeu o Prêmio Nobel de Química. É autor de O Fim das certezas (Ed. Unespi e A Nova Aliança (Ed. UnB), entre outros.
para o Caderno Mais!, da FSP, de 30/01/2000
Toda bifurcação tem beneficiários e vítimas. A transição para a era neolítica trouxe a ascensão de sociedades hierárquicas. A divisão do trabalho implicou em desigualdade. A escravidão foi estabelecida e continuou a existir até o século 19.
Ainda que o faraó tivesse uma pirâmide como tumba, seu povo era enterrado em valas comuns.
Ainda que o faraó tivesse uma pirâmide como tumba, seu povo era enterrado em valas comuns.
O século 19, da mesma forma que o 20, apresentou uma série de bifurcações. A cada vez que novos materiais eram descobertos - carvão, petróleo ou novas formas de energia utilizável -, a sociedade se transformava.
Será que não se poderia dizer que, tomadas como um todo, essas bifurcações conduziram a uma maior participação da população na 'cultura' e que de lá por diante as desigualdades entre as classes sociais nascidas na era neolítica começaram a diminuir?
Será que não se poderia dizer que, tomadas como um todo, essas bifurcações conduziram a uma maior participação da população na 'cultura' e que de lá por diante as desigualdades entre as classes sociais nascidas na era neolítica começaram a diminuir?
Homem e natureza
No geral, bifurcações são a um só tempo um sinal de instabilidade e um sinal de vitalidade em uma dada sociedade. Elas expressam também o desejo por uma sociedade mais justa.
Mesmo fora das ciências sociais, o Ocidente preserva um espetáculo surpreendente de bifurcações sucessivas. A música e a arte, por exemplo, mudam a cada 50 anos.
O homem continuamente explora novas possibilidades, concebe utopias que podem conduzi-lo a uma relação mais harmoniosa entre homem e homem e homem e natureza.
E esses são temas que ressurgem constantemente nas pesquisas de opinião sobre o caráter do século 21.
No geral, bifurcações são a um só tempo um sinal de instabilidade e um sinal de vitalidade em uma dada sociedade. Elas expressam também o desejo por uma sociedade mais justa.
Mesmo fora das ciências sociais, o Ocidente preserva um espetáculo surpreendente de bifurcações sucessivas. A música e a arte, por exemplo, mudam a cada 50 anos.
O homem continuamente explora novas possibilidades, concebe utopias que podem conduzi-lo a uma relação mais harmoniosa entre homem e homem e homem e natureza.
E esses são temas que ressurgem constantemente nas pesquisas de opinião sobre o caráter do século 21.
A que ponto chegamos?
Estou convencido de que estamos nos aproximando de uma bifurcação conectada ao progresso da tecnologia da informação e a tudo que a ela se associa como a multimídia, robótica e inteligência artificial. Essa é a "sociedade de rede", com seus sonhos de aldeia global.
Estou convencido de que estamos nos aproximando de uma bifurcação conectada ao progresso da tecnologia da informação e a tudo que a ela se associa como a multimídia, robótica e inteligência artificial. Essa é a "sociedade de rede", com seus sonhos de aldeia global.
Mas qual será o resultado dessa bifurcação?
Em qual de seus ramos nos encontraremos?
A palavra "globalização" cobre uma grande variedade de situações diferentes?
E possível que os imperadores romanos já estivessem sonhando com globalização, uma cultura única dominando o mundo. A preservação do pluralismo cultural e o respeito pelo outro exigirá toda a atenção das gerações futuras.
Mas há outros riscos no horizonte.
Em qual de seus ramos nos encontraremos?
A palavra "globalização" cobre uma grande variedade de situações diferentes?
E possível que os imperadores romanos já estivessem sonhando com globalização, uma cultura única dominando o mundo. A preservação do pluralismo cultural e o respeito pelo outro exigirá toda a atenção das gerações futuras.
Mas há outros riscos no horizonte.
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