"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2012/02/14

extraindo conceitos

http://osinimigosdorei3.blogspot.com/2012/02/classe-merdia.html

ssábado, 11 de fevereiro de 2012        
A Classe Mérdia...
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Carlos Baqueiro
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Hoje resolvi falar um pouco das ressonâncias que a greve dos PMs produziu no mundo virtual e real por esse mundo a fora. Mas particularmente das "profundas" discussões surgidas entre elementos da classe média que ficou em polvorosa dando seus pitacos já manjados em redes sociais.
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Uma antiga colega de pós se arvorou a afirmar no Facebook que as mobilizações são o motor da história. Tem classe média marxista também. Pior que eu quando vejo essas coisas fico com vontade de opinar também (Ana Godoy lá de São Paulo falou sobre esse desejo de opinar em nossa nova Sociedade de Controle em uma entrevista que fiz com ela). Ai dei meu pitaco: Prá mim motor da história pode ser nossa estupidez, pode ser nossa omissão, pode ser a vontade de dar uma... Greve é motor da história sim, mas enganar o público com sórdidas reportagens direcionadas também não deixa de ser um grande motor da história.
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Outra coleguinha deixou claro no Twitter a sua raiva sobre os PMs porque no final de semana passado ela não pode sair de casa prá participar das festinhas costumeiras. Teve de ficar em casa assistindo Supercine. Essa semana ela continuou sua campanha contra a greve, louca por saber que o Carnaval poderia ser suspenso. Ela e grande parte da Classe Média parecem esquecer que são os PMs que os protegem durante todo ano da sanha dos "bandidos" da periferia.
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Parte dessa Classe Média resolveu chamar os PMs de amotinados e assassinos. "Descobriram" que foram PMs que mataram moradores de rua durante os dias de greve. Boa parte dessa turma que reclama agora não tá nem ai com a média "normal" de 30 assassinatos por semana em Salvador e Região Metropolitana. Mas querem opinar porque o Jornal que assistem todo dia falou sobre o assunto.
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A mesma PM que passa o sarrafo nos periféricos que se aproximam muito das cordas dos blocos de gente bonita. A mesma PM que passa a mão pela cabeça da turminha que gosta de fazer pega na Av. Paralela, e adora enfiar as mãos por baixo dos usuários de buzu na hora da Blitz. Tudo em nome da proteção da Classe Média. Permitindo que ela possa tomar sua cervejinha tranquilamente nos barzinhos sem serem importunados por meninos chatos pedindo grana e choramingando a vida ruim.
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É paradoxal ver essa Classe Média atacando os PMs. Mas, pensando bem, elas defendem mesmo é o seu próprio status quo. O mesmo defendido pela PM e pela hierarquia criada na PM. O mesmo status quo defendido por um outro usuário do Facebook (um burocrata de algum tribunal) que uns dias atrás falou que o Capitalismo que vivemos é mais brando que o antigo capitalismo selvagem. Hoje as leis defendem os trabalhadores. E, segundo ele, os empresários é que se lenham.
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Hoje numa foto do jornal A Tarde reforcei minha ideia do quão brando é esse novo capitalismo. Na página A12 montadores de andaimes vão subindo uma estrutura que será usada no Carnaval de Porto Seguro pela Classe Média. Cinto de Segurança prá que ? Vá ver que não se quis comprar os EPIs porque a tal da Responsabilidade Fiscal não permitia.
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Essa mesma Responsabilidade Fiscal permite que se gaste grana com a construção de um Estádio numa cidade que já tem o suficiente para os times aqui existentes. Que prefeituras gastem fortunas em Publicidade. Permite gastar grana com uma futura ponte que vai favorecer mais as empreiteiras do que a população. Responsabilidade Fiscal que não levou ninguém para a prisão, nem multou nenhum político com a construção de um Metro de 6 km por um valor que já se aproxima do Bilhão de Reais (vejam também o artigo A Terceira Guerra de J. C. Teixeira Gomes no jornal A Tarde de hoje).
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Não tenho a intenção de fazer com que as pessoas mudem de ideia com relação a greves. Muito menos num caso especial como esse onde estão envolvidos muito mais do que questões de exploração capitalista, etc, etc... mas é uma boa hora para perceber que esse é um mundo de discurso. E num mundo de discursos o que temos de fazer é bem simples. Escolher o que mais se adapta as nossas necessidades e desejos. Mas que pelo menos se pense um pouco antes de escolher de que lado estamos, se é que vamos escolher algum, ou até mesmo tentar refazer o mundo com algum outro discurso pessoal e intransferível.

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