"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2012/05/01

extraindo conceitos


1º de Maio é um dia histórico dos trabalhadores em todo o mundo, marcado por inúmeras lutas e conquistas para nossa classe. É necessário resgatar nossa história e fazer do 1º de maio um dia de organização e luta dos trabalhadores! Enquanto o Estado e a mídia ignoram seu significado histórico e dizem que esse é um feriado qualquer, e enquanto vemos as centrais sindicais organizando comemorações e festas sem visão crítica ou busca por transformação, nós reivindicamos um 1º de maio classista e combativo! 

Perante a queda heroica de 

nossos martires…


Florentino de Carvalho
A tempestade reaccionaria serenou um pouco após se ter feito do solo brasileiro um tendal de victimas e regado elle com o sangue generoso do povo numa lucta fratricida.
Os egregios missionarios de Christo, os pontifices da Egreja Positivista, os areutos da republica e da democracia, devem estar satisfeitos, ufanar-se da obra e continuar a declamar em vozes altissonantes, metallicas, que a Republica dos Estados Unidos do Brasil é uma das maiores glorias da nossa civilização.
A ilha das Cobras, tumulo de mil e um marujos, o “Satellite”, de cujo tombadilho cahiram no oceano heroicos brasileiros, o Contestado com as suas populações corridas ou dizimadas pelas expedições punitivas, Rio de Janeiro, Santos, S. Paulo, Porto Alegre e outras cidades em cujas ruas e praças o povo foi, por vezes alvo da insolencia arbitraria das guardas republicanas, attesta a indole da ordem, da justiça e da cultura de nossos dirigentes politicos e espirituaes.
A longa serie de logradouros, de regiões nos quaes o povo tem sido sacrificado, vem, sommar-se agora Oyapock e Clevelandia.
Nem as cartas constitucionaes, nem os codigos de nenhum Estado, mesmo os mais barbaros, autorizam qualquer castigo extralegal aos presos por delicto politico ou comum.
No entanto, temos que lastimar os maus tratos dados aos indiciados como participantes da revolta e a detenção e a tortura de vários elementos nossos, de muitos anarchistas, esforçados pioneiros da emancipação dos trabalhadores, das liberdades humanas, pelas autoridades representativas do regime vigente, que, sabendo-os innocentes, alheios ao golpe de estado de 5 de Julho de 1924, aproveitaram, entretanto, o ensejo para inutiliza-los ou elimina-los.
Marques da Costa, Domingos Braz, Oiticica, Nascimento, Domingos Passos (ilegível), Parada, Nino Martins e aquelles encerrados nas prisões, confinados, martyrisados ou assassinados em Oyapock e Clevelandia, não foram demagogos, nunca asperaram a criar partidos politicos, nunca se manifestaram como protectores do proletariado, não pertenceram á estirpe dos chefes politicos ou militares, avidos de riquezas e de poder como Isidoro Dias Lopes, João Francisco, Antonio Prado, Assis Brasil e tantos outros da mesma linhagem e, finalmente, não se enfileiraram entre os trabalhadores como famintos arrastados á lucta pela necessidade economica, mas vieram á arena fraternalmente como combatentes de um ideal, como homens capazes dos maiores sacrificios pela realização da idéa de igualdade social, de liberdade, synthetizadas na philosofia do anarchismo.
Neste terreno já deram provas de um caracter inquebrantavel, incorruptivel, e de uma abnegação digna de admiração dos proprios adversarios.
E ante a dor e o sacrificio de tantos martyres da Grande Causa, que fazem continuar com novos brios a peleja pelos ideaes que com heroismo inexcedivel, os que succumbiram souberam sustentar. Todas as grandes causas se realizam sob um rastilho de martyres.
Na lucta heroica pela emancipação dos homens não existem cathegorias: a coragem, o espirito de sacrificio, existem por igual e tem o mesmo valor no acto de um Radowiski (sic), de um Cotin, de um Gibson, como na combatividade de um Praxedes Guerreiro ou na tenacidade de um Anselmo Lourenço (sic).
Dos esforços de cada militantes e dessas multidões que como as de S. Paulo em Julho de 1917, choraram de sentimento e de indignação ante o cadaver de um martyr, e dessas que, como as do Rio de Janeiro, preferem jun(ilegível) as ruas, cahindo sob a metralha democratica ante a lei da vacina obrigatoria, há tudo a esperar.
Perante á queda heroica dos nossos martyres, novamente… á carga!
Artigo publicado no jornal A Plebe, no 250, de 1o de maio de 1927.

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