"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2008/11/16

visões antropofágicas

Lúcia Bruno escreveu: A classe operária não é uma realidade moral, mas social. Ela não tem qualquer realidade além da forma como se organiza

... noutro dia tropecei em um excelente texto (Sindicalismo e Movimentos Sociais – Breve histórico do sindicalismo contemporâneo) do ‘compa’ Samis [Alexandre], no qual se traça uma rápida trajetória sobre a construção dos instrumentos de combate ao estado, ao capital e a igreja pelos trabalhadores nas suas organizações específicas de resistência de classe.

Trata-se, pois, de um belo artigo/ panfleto militante sobre “a questão sindical e o movimento social”, isto numa perspectiva libertária das lutas. Neste sucinto artigo o Samis faz uma leitura interessante, sobre a possível – necessária e desejada – transformação radical nesta sociedade capitalista de exploração do trabalho alheio...

Isto através de um sindicalismo de resistência/ combate, que na sua essência doutrinaria é uma organização revolucionária, expropriadora, autonomista, autogestionária e, claro, libertária. Em resumo, na construção ­– via ação direta nas lutas cotidianas – de uma outra relação societária:

sem deus, sem pátria, sem patrão!!!

Seguem, para nosso deleite imediato, dois pequeníssimos extratos do referido artigo:

1.º: “... os sindicatos de resistência, buscam sempre em seus programas estratégicos salientar as questões de médio e longo prazo. Tal preocupação deve-se a já terem os sindicalistas, vinculados a esta concepção, entendido que aquelas entidades que lutam apenas pelas questões imediatas, o que fazem, no mais das vezes, é garantir ao governo um certo grau de legitimidade. Se por um lado, as reivindicações podem parecer contestatórias, e algumas vezes o são, elas induzem, por outro, subliminarmente, o coletivo da categoria a acreditar que a resolução depende sempre da aquiescência do governo. O que retira do trabalhador boa parte de seu princípio decisório e reforça as teses reformistas. É, portanto, nas projeções mais de fundo, aquelas que irão possibilitar o contato com um universo mais amplo de explorados e, a partir daí, consolidar a luta ideológica contra o capital, que se encontra a real estratégia para o desmonte de toda a estrutura que garante a manutenção do atual sistema. Não apenas isso, mas também, a elaboração deste programa auxilia no acúmulo de valores que, por ser de fato o resultado das experiências de luta e das reflexões extraídas a partir delas, constitui-se na essência de uma dimensão de mundo genuinamente de classe.”

2.º: A questão da autonomia, portanto, é fundamental para manter um órgão de classe fiel aos postulados emancipatórios sem afastar deste, por uma conveniência político-partidária, alheia quase sempre às necessidades dos trabalhadores, os objetivos de médio e longo prazo resultantes da experiência da classe. Neste sentido, os movimentos sociais hoje podem servir de horizonte para o reforço de algumas práticas de autonomia; a despeito da participação de militantes com o duplo vínculo, partidário e ativista de classe, a dinâmica organizativa e mesmo setores hostis ao atrelamento partidário contribuem sobremaneira para dificultar o processo de burocratização. Com base em tais reflexões, e certamente não serão estas as únicas ponderações a serem feitas sobre o assunto, é fundamental hoje para os sindicatos a construção de uma agenda que possa articular seus interesses mais imediatos às lutas dos trabalhadores em geral, não apenas os formalmente admitidos no mercado de trabalho, mas todo aquele que estiver disposto a lutar e se organizar em favor de uma transformação radical e efetiva da sociedade rumo ao socialismo.”

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