"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/02/24

pipoca & celulóide


Mais vale pobres na mão do que pobres roubando

Felipe Silva*

Certa vez, ouvi no rádio um comentarista político, um tanto conhecido aqui no Brasil, usar um termo muito curioso para se referir a condição histórica de corrupção na política brasileira: a “inércia histórica”. Talvez possamos chamar também de “inércia social”. É curioso esse termo, pois ele trata da união entre uma lei puramente física e um conceito sociológico.

A inércia é a conservação de um estado dinâmico de um corpo num sistema. Se algo está num dado estado dinâmico, seja de movimento ou de repouso, ele tende a ficar nesse estado se não houver razão suficiente alguma que o impeça, ou seja, se não houver nada opondo a manutenção, natural, desse estado dinâmico.

“Quanto vale ou é por quilo?” mostra exatamente essa “inércia social”. Sérgio Bianchi colocou em paralelo o período histórico brasileiro do fim do século XIX com o Brasil contemporâneo. O período final da escravidão negra brasileira e a atual situação da periferia nas grandes cidades.

São colocados à vista as grandes mazelas e contradições de um país em constante crise de valores morais. A sociedade é vislumbrada na óptica mercadológica. A relação econômica que contrapõe casa-grande e senzala é análoga a relação entre a elite econômica e os excluídos do subúrbio.

Mais vale pobres na mão do que pobres roubando” é o slogan do filme. O trabalho de inclusão social praticado pela iniciativa privada é duramente criticado, pois o fim que tal iniciativa, aparentemente, visa sanar, a saber a igualdade social, é barrada pela própria lógica estrutural do sistema.

O mercado opera com a pobreza e a exclusão. A grande questão é que a democracia é o sistema político vivido no Brasil porque é o sistema do consumo, aquele que favorece melhor o liberalismo econômico.

A “inércia social” está no filme [para] retratar que a história brasileira não muda, ela está estática, barrada, bloqueada de transformação.


* Quanto vale ou é por quilo? (Dir. Sérgio Bianchi – 2005); 2 de Agosto de 2006

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http://antoniofelipesilva.blogspot.com/2006/08/quanto-vale-ou-por-quilo-dir-srgio.html

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