"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/05/17

seminário ferrer y guàrdia -- 100 anos

... com este pequeno extrato – que se segue logo abaixo e copilado do livro "AN-ARQUIA: Uma visão da história do movimento libertário em Portugal", do “compa” Edgar Rodrigues – prestamos a nossa modesta homenagem póstuma a esse militante anarquista, pesquisador e historiador das questões sociais no Brasil e em Portugal.
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Na Espanha, Francisco Ferrer y Guardia por fundar a Escola Moderna em 1901, esteve preso, acusado de autor intelectual do movimento grevista com o qual nada tinha e acabou condenado à morte e fuzilado no Castelo de Montjuich, em Barcelona.

Contrariando os inquisidores espanhóis, as idéias de Ferrer voavam como uma revoada de pássaros invadindo nações, atingindo sorrateiramente as camadas mais evoluídas, intelectuais e operários, tocando-lhes a sensibilidade, penetrando em seus cérebros.

O proletariado [...] recebeu os ensinamentos de Ferrer com entusiasmo. Pela primeira vez era-lhe apresentado um autêntico hino de Amor e de Paz, em forma de ensino, partindo dos bancos escolares, com explicações como estas: "Não se educa integralmente o homem disciplinando a sua inteligência, esquecendo seus sentimentos e desprezando sua vontade. O homem na unidade do seu funcionamento cerebral, é complexo, tem várias facetas fundamentais, é uma energia que vê, afeto que repele ou recebe, concebendo voluntariamente e tornando em atos as leis do organismo do homem, que abre um abismo onde precisa existir, uma saudável e bela continuidade. E sem dúvida, elemento favorável ao divórcio entre o pensar e o sentir.

Muitos deles serão, indubitavelmente, potentes em suas faculdades mentais, possuindo riqueza de idéias, até compreendem a orientação real, dentro de um conceito formoso, que prepara a ciência da vida, do indivíduo e dos povos. Mas, com todas as suas desatenções egoístas, e as próprias conveniências dos seus fins... tudo isto mesclado com uma levedura de sentimentos tradicionais, formam uma camada impermeável em volta de seus corações, para que não se infiltrem neles idéias progressistas, e não se convertam num jogo de sentimentos propulsores, imediato determinante da conduta do homem"
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Estas idéias fizeram desabar sobre a cabeça de Ferrer todas as maldições da Igreja, todo o rancor da burguesia [...]!

[...]

As idéias de Ferrer vieram alertar professores, contagiar estudantes e intelectuais, suscitar discussões e debates. Nem todos aceitavam integralmente suas idéias pedagógicas, mas todos foram sacudidos por essa nova aurora! Uns contestavam, outros defendiam os métodos da Escola Moderna. As deformações seculares e os ensinamentos "oficiais" opunham-se à sua total aceitação, mas atingidos e contagiados pelas idéias do professor anarquista, muitos começaram a pedir a renovação do ensino da escola.

Jovens intelectuais, alinharam-se na defesa do ensino renovado e vieram colaborar na imprensa anarquista, Deolinda Lopes Vieira, escrevendo sobre "educação integral". E o Dr. Egas Muniz afirmando: "A Escola Moderna, há-de ser o tipo para que hão-de tender as escolas do futuro".

[...]

As idéias do pioneiro, do idealizador e fundador da Escola Moderna, afetavam a "segurança do Estado", abalavam as velhas estruturas, punham em "perigo" as mistificações da Igreja e derrubavam a fé! E, baseadas nesses interesses mesquinhos, o governo espanhol chamou seus escribas e ordenou-lhes que encontrassem "meios legais" para matar Francisco Ferrer!


leia mais, saiba mais:
http://www.nodo50.org/insurgentes/textos/educa/04culturalibertaria.htm

Um comentário:

Carlos Baqueiro disse...

Esse texto é seu, de Edgar, de outra pessoa ?