Sidnei Rodrigues Noronha:
O filme "Lavoura Arcaica" adaptado do homônimo de Renan Nassar é um poema audiovisual, os diálogos e monólogos são carregados de lirismo e densidade.
A direção de Luiz Fernando Carvalho é primorosa, irretocável, as cenas, as imagens e os objetos acentuam ainda mais o teor simbólico do filme.
Tudo no filme é trabalhado com muita pericia técnica, é mais que isso, tudo é permeado de uma sensibilidade e leveza impressionante, o figurino, a trilha sonora, a fotografia e as atuações.
A fotografia revela um poderoso jogo de contrastes de luz e sombra que expressam e reforçam ainda mais o caráter psicológico e a ambigüidade de seus personagens.
A obra de Luiz Fernando é minuciosa com uma linguagem difícil e rebuscada, os contrastes, as imagens turvas, o traço barroco é uma constante em “Lavoura Arcaica”.
O filme é provocante e exuberante, ultrapassa o tempo, o espaço e a cultura, é um retrato sobre o humano envolvendo o trágico e o lírico conforme muito bem expresso na crítica de André Parente e Liliane Heynemann intitulada “Lavoura Arcaica, o cinema e o tempo não-reconciliado” que diz:
“São dois tempos irreconciliáveis: o tempo trágico, e o tempo lírico, o tempo trágico em que o intolerável domina e leva o personagem à cólera e à perda de si mesmo típica do herói trágico, e o tempo lírico no qual a volúpia amorosa domina e o mundo é pura germinação de sensações.”
André Parente e Liliane Heynemann:
Desse modo, o texto opera com as idéias de tradução e desleitura para capturar as estratégias fílmicas e literárias que se actualizam nas imagens, elaborando um pensamento que incorpora também a reflexão sobre o cinema moderno e contemporâneo no Brasil, suas instâncias estéticas e políticas."
Lavoura Arcaica
titulo original: (Lavoura Arcaica)
lançamento: 2001 (Brasil)
direção: Luiz Fernando Carvalho
atores: Raul Cortez, Selton Mello, Juliana Carneiro da Cunha, Leonardo Medeiros, Simone Spoladore
duração: 163 min
gênero: Drama
Rua Gal. Jardim nº 253 – sala 22 – Vila Buarque (metrô República)
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