"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2010/05/03

extraindo conceitos__48

Sábado, Agosto 25, 2007
ATOLADOS E LAMBUZADOS...,



Para Ignácio Ramonet, encontramo-nos em um mundo onde há um dilema. Ou lutamos contra toda a desumanização da humanidade, ou entraremos cada vez mais fundo em um poço sem fim. Para ele:

“Nas democracias atuais, cada vez mais cidadãos livres sentem-se atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa que, imperceptivelmente, envolve todo raciocínio rebelde, inibi-o, desorganiza-o, paralisa-o e termina por asfixiá-lo. Essa doutrina constitui o ‘pensamento único’, única autorizada por um invisível e onipresente controle de opinião”.

O pior é que tem gente encontrando cada vez mais gurus na tentativa de solucionar seus problemas individualmente. Olha Paulo Coelho ai.

Outros na vã tentativa de se desgrudar de uma forma virulenta de sociedade, a capitalista, escolhem os mais esdrúxulos heróis para ajudar nesta tarefa: Che Guevara, Mao Tsé-Tung, Antonio Conselheiro, etc... Argh !!!

Escolher como saída, tanto fantasmas do autoritarismo esquerdista dos anos 60, quanto ectoplasmas enriquecidos pela sanha enlouquecida de busca da felicidade através de orações, é a mesma asneira.

Acho que foi por esta minha forma de ver o mundo, e os seus habitantes humanos, que admirei a reportagem da revista Carta Capital da semana que passou. Ali o jornalista Sean O´Hagan rememora os 50 anos da publicação de “On the Road”...

O Wikipedia faz a seguinte referência a “On the Road”:

“Pé na estrada, em português, é considerado a obra prima de Jack Kerouac, um dos principais expoentes da Geração Beat estadunidense e considerado a bíblia dos jovens dos anos 60, que colocavam a mochila nas costas e botavam o pé na estrada”.

Além de Keroauc, faziam parte daquela Geração outros grandes homens: Allen Ginsberg, William Burroughs, eram alguns deles.

São três páginas na Carta Capital que conseguem nos deixar a par da importância tanto do livro, quanto do autor e de sua Geração. Infelizmente, coisa difícil de se ver em outras incursões de jornalismo cultural em outras revistas do gênero.

A Estrada Perdida (título da reportagem) caminha a partir da aparição do livro de Kerouak e vai mostrando como ele acreditava que era possível sair do atoleiro em que se transformava a vida rotineira e alienante. Para o autor da reportagem o livro lhe ensinou que “era preciso atirar a cautela ao vento e viajar para longe sem um objetivo real e com muito pouco dinheiro... os beats disseram o que milhões de pessoas no mundo queriam escutar”.

Meu candidato a herói e guru (em detrimento dos nomes que já citei acima) morreu de cirrose hepática. Segundo O’Hagan, “muitos que o conheciam intimamente, porém, suspeitavam que ele também morrera de desilusão”.

E teria se desiludido mais ainda vendo como o consumismo e o individualismo burguês se transformaram em algo universal entre ricos e pobres também, que correm pelos mesmos corredores de shoppings. Alguns com muito dinheiro, outros catando dinheiro na carteira, mas todos loucos para comprar as “melhores” e mais famosas marcas de tênis, ou de blusa.

Então é isso. É lendo e relendo esse cara, e tantos outros rebeldes, de tantas épocas como Lao Tsé, Marquês de Sade, Bakunin, Raul Seixas, que poderemos compreender o quanto nós estamos “atolados, lambuzados por um tipo de doutrina viscosa” que inibe nossa ação, e quem sabe se desvencilhar de toda essa coisa e então, “vestir uma camisa amarela e sair por ai...”.

fonte:
Um Boletim Informativo e Opinativo de Alunos de Jornalismo da Faculdade da Cidade do Salvador - Ba.
http://www.cidade.blogger.com.br/2007_08_19_archive.html

Um comentário:

Carlos Baqueiro disse...

Êta experienciazinha booooa...

Jornalismo e Autogestão na jogada.

Bons tempos.