"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

........

2010/09/10

extraindo conceitos

[...]


“Qualquer melhoria na situação da plebe, por insignificante que seja, representa o resultado de sua própria ação exercida fora das esferas parlamentares.


As resoluções dos chamados representantes populares só são efetivadas quando representam o reflexo das conquistas feitas pela pressão partida de baixo, do povo em movimento. De maneira diversa, os seus decretos e as suas leis têm sido e continuarão a ser meros farrapos de papel.


“Farta nesse de exemplos poderia robustecer estas asserções [afirmação, proposição que se tem como verdadeira].


Sem termos em conta o que se passa entre nós, onde o Parlamento é essa coisa dispendiosa e improdutiva que todas as pessoas de bom senso reconhecem, não podemos desprezar os ensinamentos que nos vêm de países nos quais a vida parlamentar se desenvolve ao redor de partidos com programas políticos e sociais definidos e sujeitos ao influxo permanente da opinião pública, que aqui, desgraçadamente, por causa múltiplas, ainda não exerce a necessária influência”(1).


Em síntese:


- Repudiamos o parlamentarismo e a ação eleitoral, não só pela razão teórica de ser o Parlamento uma instituição autoritária, incumbida de forjar leis obrigatórias, mas ainda por outros motivos teóricos e práticos.


Eis alguns:


1º- A assembléia parlamentar é incompetente para decidir sobre qualquer dos assuntos da vida social. Um congresso de técnicos (médicos, engenheiros, sapateiros etc), discute com conhecimento de causa o que é de seu ofício; num Parlamento, cada ponto de vista, dara ramo de saber tem sempre para o tratar um minoria, sendo, no entanto, a maioria que decide.


2º- O seu poder limita-se a formular leis, sendo impotente para as fazer aplicar, quando porventura cheguem a contrariar os interesses das classes dominantes, dos proprietários, que têm nas suas mãos as autoridades, e os próprios favorecidos, seus dependentes, por meios de salários.


3º- Ambiente burguês e politicamente dominado pelos interesses capitalistas e financeiros exerce uma inevitável corrupção sobre os que para lá entram, vindos do seio do povo trabalhador e animados das melhores intenções.


4º- Dispensa o povo de agir diretamente e entretém as impaciências populares tanto mais eficazmente quanto mais atroadores e “revolucionários” forem os discursos ali proferidos.


Quanto à ação eleitoral:


1º- Trata-se de obter número, e para isso fazem-se apenas vagas afirmações, esconde-se o ideal revolucionário e entra-se em combinações e intrigas.


2º- A ação eleitoral e parlamentar chama ao socialismo uma chusma [reunião de pessoas] de aventureiros da pequena burguesia, de profissionais da política e do intelectualismo, etc., que corrompem e desviam o movimento.


Querendo uma revolução profunda, verdadeiramente social, em que o povo espoliado e oprimido desaproprie o capitalismo e socialize os bens sociais; sabendo que essa revolução não pode ser decretada do alto, que nenhuma classe privilegiada se despoja de bom grado de seus privilégios, que a emancipação do povo há de ser obra dele próprio, como é lição da História, os anarquistas querem que o povo se habitue, desde já, a agir diretamente e a associar-se, sem confiar em criaturas providenciais, guias ou dirigentes, líderes ou messias, e sem delegar poderes a pretensos defensores ou protetores (2).



nota:


1.-Edgard Leuenroth


2.-“Ação Dierta”, Rio de Janeiro


in: Anarquismo, Roteiro da Libertação Social – Edgard Leuenroth, Editora Mundo Livre – 1963.


* Digitado pelo Coordenação de Imprensa do Sindivários Campinas – associada a FOSP-COB.

Nenhum comentário: