"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

........

2012/05/21

extraindo conceitos

http://espacoacademico.wordpress.com/2012/02/04/muito-alem-de-olga/


Muito além de Olga



JACQUES GRUMAN*



Emma Goldman (1869-1940)
[...]
Emma Goldman, anarquista, foi presença marcante da esquerda não-bolchevique nas três primeiras décadas do século passado. Nasceu na Lituânia em 1869 e sua família, ao contrário da de Olga, praticava a religião judaica, frequentando a sinagoga aos sábados e nas chamadas grandes festas. Raramente, porém, falavam com os filhos sobre isso. Emma diz que suas primeiras idéias sobre Deus e Diabo, pecado e punição, vieram através dos criados russos de seus pais.[3] O ambiente doméstico era-lhe tremendamente opressivo, pois muito cedo, mostrou que não se satisfaria com o papel de objeto-de-cama-e-mesa reservado para as mulheres de seu tempo. O pai, a quem Emma atribui uma “presença aterrorizante”, queria casá-la à força quando tinha quinze anos. Encontrando resistência, jogou no fogo os livros de estudo da filha, dizendo que as meninas não precisavam estudar tanto. Bastava que soubessem preparar um bom guefilte fish e uma boa massa e dar aos seus maridos muitos filhos. A mãe era fria com os filhos. Quando Emma se aproximou da puberdade e sentiu, aflita, a primeira menstruação, levou uma bofetada da mãe (“Isso é necessário para uma moça quando se transforma em mulher, para se proteger da desgraça”).
Aos 16 anos, enfrenta a ira paterna e vai morar nos Estados Unidos. Em 12 de novembro de 1887, cinco líderes operários são enforcados em Chicago, na esteira dos acontecimentos que levam à criação do Dia Internacional do Trabalho. O impacto em Emma foi tremendo. Ela começa a ligar-se a círculos anarquistas e, em pouco tempo, sua militância decola. Dá conferências, ajuda a editar jornais, formula idéias originais. Dedica sua vida à emancipação dos trabalhadores em geral e das mulheres em particular. Afirma que o casamento tradicional é um arranjo econômico e uma prisão. O verdadeiro amor prescinde do aval de rabinos e sacerdotes.
Em 1917, empolga-se com a revolução dos sovietes e viaja à URSS. Desencanta-se, porém, com a nascente burocracia e a intolerância com as diferenças políticas. “Minha idéia sobre a revolução não é a de um extermínio contínuo das dissidências políticas”. Exila-se na França e, nos anos 30, colabora com os anarquistas espanhóis durante a guerra civil. Morre no Canadá, em 1940, e seu corpo é levado para os Estados Unidos e enterrado junto dos operários enforcados em 1887. Nenhum de seus movimentos, nenhuma de suas posições públicas, nenhum de seus legados teóricos, nada, enfim, tem sequer um sopro judaico. A longínqua história familiar, limitadora e repressiva, serviu-lhe apenas de contraponto para formulações libertárias.
[...]
* JACQUES GRUMAN, Diretor da ASA – Associação Scholem Aleichem de Cultura e Recreação, do Rio de Janeiro. Publicado na REA, nº 43, dezembro de 2004, disponível em 

Nenhum comentário: