João Correia
A produção do saber “era” privilégio dos mestres ou dos apaniguados destes. Assim, confirma-se a fala de Gallo (2000) quando diz ser a educação fundada sobre uma certa concepção de homem, ou seja, para uma sociedade hierarquizada com imobilidade social exacerbada, como na colonial luso-brasileira reproduz-se na Educação seus princípios e na escola se executam os métodos (pedagogia) para alcançar seus objetivos, que buscam moldar ao caráter e ao corpo dos pupilos, no anseio de conservar tudo como está.
Até as duas últimas decadas do século XIX a sitiuação pouco se altera, a não ser no que tange as mudanças políticas. É nesse período que os imigrantes europeus são trazidos[3] em massa para o trabalho tanto na lavoura, substituindo a mão de obra escrava, agora liberta, como na indústria nascente.
Os trabalhadores imigrantes anarquistas e seus companheiros brasileiros, mestiços, índios, negros tiveram também como frente de batalha a educação, pois acreditavam que precisavam ter uma educação condizente com a classe a qual pertenciam e com os objetivos de mudança que defendiam. Assim no século XIX, nasce a Educação Integral no Brasil, também conhecida como Libertária ou Anarquista[4].
As mulheres, homens, operários e camponeses imprimem uma sistemática de educação sem precedentes se comparada as iniciativas pífias da Coroa no seu império colonial. Uma educação não institucionalizada, como vimos com os jesuítas, com a monarquia imperial na colonia, e também, depois, com a república.
Pois vai acontecendo nas fábricas, nos bairros, nas associações de apoio mútuo, nas lutas por direitos trabalhistas e sociais, como a diminuição de carga horária de trabalho, fim do trabalho infantil, salário igual pra homens e mulheres, licença maternidade, condições de salubridade dignas no ambiente de trabalho. Educar e lutar, informar e educar, eram faces da mesma moeda.
notas:
3. Encontra-se no Diário Oficial do Império Brasileiro – Rio de Janeiro / 08 de maio de 1884. Senado; Parte Oficial; Expediente; Ofícios;Coluna 2. Presidência do Sr.Barão de Cotegipe, o segunite: “Entra em discussão a proposta do poder executivo, convertida em projeto de lei pela Câmara dos Srs. Deputados fixando as despesas do Ministério dos Estrangeiros”. Este projeto inclui dentre vários itens o de financiar a imigração para o Brasil.
4. A primeira Escola anarquista nasce em 1895, no Rio Grande do Sul. Para maiores detalhes ver RODRIGUES, Edgar. O Anarquismo: na escola, no Teatro e na Poesia. Rio de Janeiro: Achiamé, 1992.
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4. A primeira Escola anarquista nasce em 1895, no Rio Grande do Sul. Para maiores detalhes ver RODRIGUES, Edgar. O Anarquismo: na escola, no Teatro e na Poesia. Rio de Janeiro: Achiamé, 1992.
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