"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/04/11

por e-mail

ANARQUISTAS E EDUCAÇÃO NO BRASIL
João Correia
A produção do saber “era” privilégio dos mestres ou dos apaniguados destes. Assim, confirma-se a fala de Gallo (2000) quando diz ser a educação fundada sobre uma certa concepção de homem, ou seja, para uma sociedade hierarquizada com imobilidade social exacerbada, como na colonial luso-brasileira reproduz-se na Educação seus princípios e na escola se executam os métodos (pedagogia) para alcançar seus objetivos, que buscam moldar ao caráter e ao corpo dos pupilos, no anseio de conservar tudo como está.
Até as duas últimas decadas do século XIX a sitiuação pouco se altera, a não ser no que tange as mudanças políticas. É nesse período que os imigrantes europeus são trazidos[3] em massa para o trabalho tanto na lavoura, substituindo a mão de obra escrava, agora liberta, como na indústria nascente.
Os trabalhadores imigrantes anarquistas e seus companheiros brasileiros, mestiços, índios, negros tiveram também como frente de batalha a educação, pois acreditavam que precisavam ter uma educação condizente com a classe a qual pertenciam e com os objetivos de mudança que defendiam. Assim no século XIX, nasce a Educação Integral no Brasil, também conhecida como Libertária ou Anarquista[4].
As mulheres, homens, operários e camponeses imprimem uma sistemática de educação sem precedentes se comparada as iniciativas pífias da Coroa no seu império colonial. Uma educação não institucionalizada, como vimos com os jesuítas, com a monarquia imperial na colonia, e também, depois, com a república.
Pois vai acontecendo nas fábricas, nos bairros, nas associações de apoio mútuo, nas lutas por direitos trabalhistas e sociais, como a diminuição de carga horária de trabalho, fim do trabalho infantil, salário igual pra homens e mulheres, licença maternidade, condições de salubridade dignas no ambiente de trabalho. Educar e lutar, informar e educar, eram faces da mesma moeda.

notas:

3. Encontra-se no Diário Oficial do Império Brasileiro – Rio de Janeiro / 08 de maio de 1884. Senado; Parte Oficial; Expediente; Ofícios;Coluna 2. Presidência do Sr.Barão de Cotegipe, o segunite: “Entra em discussão a proposta do poder executivo, convertida em projeto de lei pela Câmara dos Srs. Deputados fixando as despesas do Ministério dos Estrangeiros”. Este projeto inclui dentre vários itens o de financiar a imigração para o Brasil.
4. A primeira Escola anarquista nasce em 1895, no Rio Grande do Sul. Para maiores detalhes ver RODRIGUES, Edgar. O Anarquismo: na escola, no Teatro e na Poesia. Rio de Janeiro: Achiamé, 1992.


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7 comentários:

Anônimo disse...

Silvio Gallo:

“Outro aspecto desse termo ambíguo, a disciplinarização, não por acaso diz respeito mais diretamente à questão do poder. A escola é o lugar da disciplina, de seu aprendizado e de seu exercício.”

Anônimo disse...

Silvino Santin*

“O normal da vida da criança é brincar.....Brincar não significa para a criança fazer algo diferente. Essa distinção só aparece quando lhe ensinamos categorias distintas de atividades, naturalmente, o brincar torna-se oposto de estudar e trabalhar.”

in: Visão lúdica do corpo; 1994).

Vinícius A.C. disse...

Esses textos que tu tens publicado me faz refletir e amplifica meus anseios/desejos de estudar a pedagogia libertária. Sobre a "educação tradicional" que nada mais é, senão, segundo Emma Goldman, um processo de degradação mental e doutrinamento sistemático da mentalidade servil, num modelo pedagógico de vigiar e puniar (Foucault), dentro duma instituição de clausura (resquícios da era sociedade disciplinar); já está muito claro. Porém reitero que esses textos que tu publicas são muito interessantes e engendram o raciocínio crítico!

Anônimo disse...

silvio gallo:

"Não podemos deixar de reconhecer que a única forma que a burocracia escolar encontrou ao longo dos séculos para materializar os resultados das avaliações foi sua quantificação em termos de notas e, mais tarde, de conceitos – que, no fundo, nada mudam, mas continuam classificando e quantificando. Se deixarmos de lado o caráter desprezível dessa quantificação em nome de sua absoluta necessidade, não podemos negar que ela acaba servindo como instrumento de poder. O professor é aquele que tem o poder de dar a nota e, assim, aprovar ou reprovar o aluno."

Anônimo disse...

Diante do mundo em que vivemos e do texto apesentado, me pergunto sobre o que queremos realmente.
Não se trata só de educação, de bem estar, trabalho e saúde, alimentação, pra tocar nos básicos.
Hora agora, me deparo com as perguntas: qual educação, qual alimentação, qual saúde...? Educar para que, comer o enlatado comprado pelo suór do trabalho explorador de meu corpo e mente? Saúde paga com os impostos dos alimentos transgênicos consumidos e desconhecidos por todos?
Não é pra cansar não, é pra contemplar o mar de coisas que dizem nos pertencer.
Até

tania disse...

Segundo Bakunin, a criança ingressa na escola "séria"(no primeiro ano do ensino fundamental), e posteriormete, quando ela vai avançando no sistema, sua liberdade vai sendo cerceada, passa ser escrava das rotinas escolares, e mais "autoridade" se vai exercendo sobre ela, dai ela vai sendo(en)formada!!!

João disse...

Não entendi seu comentário Tânia?