"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2008/12/18

extraindo conceitos


Se você pergunta para as pessoas se elas querem receber ordens ou querem fazer suas próprias coisas, se querem competir ou cooperar – acho que se elas tivessem a escolha de pensar sobre isso, ao invés de serem doutrinadas por uma sociedade baseada na competição e na hierarquia , elas escolheriam a cooperação.

Anarquistas sempre dizem que suas formas de organização não são novas. A maioria das relações humanas são naturalmente horizontais e cooperativas. Há uma diferença entre ordem e hierarquia.
A anarquia também é uma forma de ordem, mas baseada no acordo, ao invés do comando. São regras de acordo ao invés de leis impostas que protegem os privilegiados.
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As pessoas se comportam da maneira que elas fazem por causa de suas culturas e suas expectativas mútuas. Não é nem um pouco surpreendente que em uma cultura que nos educa para competir uns com os outros e ainda comandar ou obedecer, você encontre pessoas tentando abrir seu caminho e fazer o máximo que puderem em seu próprio benefício.
O anarquismo também faz um chamado para uma revolução na consciência e na cultura, uma que permitirá rédeas livres aos instintos sociais humanos, ao apoio mútuo.
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Economias centralizadas não são as únicas formas de organizar a produção e o serviço. Em um sistema anarquista, qualquer forma de
atividade produtiva seria possuída e conduzida diretamente pelo/as trabalhadore/as, ao invés dos patrões privados e do Estado. A produção seria para a necessidade, não para o lucro.

Os esforços do/as vário/as trabalhadore/as se coordenariam entre si para a execução de qualquer tarefa de larga escala. A idéia básica é essa,
se você deixar as pessoas agirem por conta própria, elas se organizarão muito bem, e aquelas formas de organização de cima para baixo, centralizadas, são oportunas para manter existentes os sistemas de privilégio e dominação.

Olhe para a Catalunha, durante os estágios mais altos da Revolução Espanhola, em 1936. Havia um sistema anarquista bem formado. O/as camponese/as tinham a posse das terras, trabalhadore/as dos bondes administravam os bondes, e tudo funcionava – e isto foi no meio de uma guerra civil.

Os kibbutz originais [Israel] também eram anárquicos, mesmo embora eles não chamem a si mesmos como tais. Em Degania, o/as fundadore/as dizem, estamos tentando criar uma sociedade sem explorado/as e exploradore/as. Queremos
democracia direta, a cada um de acordo com sua habilidade, para cada um de acordo com suas necessidades.

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Em princípio não quero dar meu consentimento para ser governado, nem minha aquiescência para um sistema por meio do qual temos que escolher quem nos intimida. As eleições dão às pessoas a ilusão de uma participação democrática, mas assim como a famosa anarquista judia, Emma Goldman, disse:
se o voto mudasse alguma coisa, eles [os donos do poder] tornariam isso ilegal.
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Na verdade, quero que [...] as pessoas acordem para o fato de que não importa se é um fantoche [o eleito] azul ou vermelho que está nas mãos capitalistas.

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O caminho para a saída não está nos governos socorrendo os bancos, mas sim nas
pessoas começando a criar estruturas populares que são auto-suficientes, e que permitirão a eles se desprenderem de ambos, capitalismo e Estado.


* extrato de entrevista concedida a David B. Green para a revista israelense Haaretz, em princípios de novembro de 2008 e por nos copilado do prestimoso serviço de divulgação do coletivo – agência de notícias anarquistas – a.n.a., com tradução de Marcelo Yokoi



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