"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/09/27

seminário ferrer y guàrdia -- 100 anos

CEM ANOS SEM FERRER
16 e 17 de outubro de 2009
UFBa/ FACED/ Auditório II (Térreo)
Vale do Canela/ SSa./Ba.
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FERRER & A ESCOLA RACIONALISTA
José Damiro Moraes*
Para Ferrer, a criança deve ser o centro do processo educacional e o professor tem a tarefa de problematizar a realidade, conjugando teoria e prática - esta identificada com o trabalho manual.

Meninos e meninas devem estudar na mesma sala (proposta ousada para a época), assim como ricos e pobres. A educação não pode se eximir de sua responsabilidade política, conscientizando os alunos para valores humanitários e antiestatais do anarquismo.

Mais do que pôr em xeque a pedagogia tradicional, esses princípios soavam como uma afronta ao poder constituído. As teorias de Francisco Ferrer y Guardia despertaram a ira da Igreja e do governo espanhol. Ele foi preso, e de nada adiantaram os protestos pela sua libertação: acabou fuzilado em 1909.

Os currículos das escolas anarquistas brasileiras estavam em sintonia com a proposta racionalista de Ferrer. Privilegiavam a leitura, a caligrafia, a gramática, aritmética, a geografia, a botânica, a geologia, a mineralogia, a física, a química, a história e o desenho. Também incluíam sessões artísticas e conferências científicas.

Para além da sala de aula, os alunos participavam de eventos operários, principalmente em datas consideradas importantes pelos anarquistas, como 18 de março - data da Comuna de Paris, insurreição popular que 1871 gerou o primeiro governo operário da História -, 1º. de maio - em memória da execução dos "mártires de Chicago" (1886), operários que pediam a redução da jornada de trabalho para oito horas diárias - e 13 de outubro, data do fuzilamento de Ferrer.

Assim a escola aproximava alunos, famílias e sindicatos, mantendo viva a memória e a necessidade das lutas proletárias. O esforço educativo desses grupos resultou também na fundação de bibliotecas, centros de estudos, centros de cultura e grande circulação de periódicos.

* fragmento do artigo À escola, Anarquistas!, de José Damiro Moraes e publicado na Revista de História da Biblioteca Nacional, Ano 4. Nº. 47, Agosto de 2009.

Um comentário:

Antonio Ozaí da Silva disse...

Ótimo!
Parabéns aos organizadores pela iniciativa.

Abraços,
Antonio Ozaí da Silva
http://antonio-ozai.blogspot.com