"O anarquismo defende a possibilidade de organização sem disciplina, temor ou punição, e sem a pressão da riqueza."

emma goldman

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2009/10/20

proudhon --- bicentenário___06

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Poder e governo em Proudhon e Foucault*

Nildo Avelino

A força é a base do poder político. Todavia, é preciso compreendê-lo bem, a força não é nem brutalidade nem motricidade; não se trata de um fenômeno quantitativo que, em analogia com um tipo de poder elétrico ou de motor, seria operado para uma variedade de objetivos sobre coisas e pessoas.

Numa tal concepção de poder como capacidade quantitativa é pressuposto que a vontade daqueles que têm mais poder necessariamente prevalece sobre a vontade daqueles que têm menos poder.

Como observaram Hindess (1996) e Miller (1987), essa concepção contém o inconveniente de fazer o exercício do poder aparecer, no momento em que se colocam relações desiguais entre esses que empregam poder para alcançar seus objetivos e aqueles que sofrem seus efeitos, simplesmente como instrumento de dominação e repressão.

A concepção de Proudhon é manifestamente diferente, ele diz: “o que produz o poder na sociedade e constitui a realidade desta própria sociedade, é a mesma coisa que produz a força nos corpos tanto organizados quanto desorganizados e constitui sua realidade, a saber, a relação das partes.” (Proudhon, 1988: 695)

O poder é, portanto, uma relação, não possui outra realidade que a relacional. Esta concepção, Proudhon tem plena clareza, subverte “todas as idéias sobre a origem do poder, sobre sua natureza, sua organização e seu exercício.” (Idem: 699)

O poder é uma relação, é imanente à sociedade como a atração é à matéria. “Esta imanência do poder na sociedade resulta da noção mesma de sociedade, porque é impossível que unidades, átomos, mônadas, moléculas ou pessoas, sendo aglomeradas, não sustentem entre si relações, não formem coletividade, da qual não reluza uma força.”

Foi precisamente isso, continua Proudhon, que os filósofos não viram, ou recusaram ver, ao fazerem “nascer o Estado do livre arbítrio do homem ou, melhor dizendo, da abdicação da sua liberdade”.

http://www.ccssp.org/

notas:

HINDESS, Barry. (1996), Discourses of power: from Hobbes to Foucault. Oxford: Blackwell Publishers.

MILLER, Peter. (1987), Domination and power. Londres: Routledge.

PROUDHON, Pierre-Joseph. (1988), De la Justice dans la Révolution et dans l’Église. Études de philosophie pratique, tome premier. Paris: Fayard.

* leia mais, saiba mais: Anarquismos e Governamentalidade.

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